10º Domingo do Tempo Comum

No mundo em que vivemos existem muitos males. Só precisa olhar ao nosso redor para ver uma realidade de injustiça, corrupção, violência, ódio e guerras. Todos os dias somos bombardeados por notícias de maldades. Por que tantos males no mundo? Muitas pessoas têm várias respostas para esta pergunta, e muitas vezes somos tentados a acusar alguém ou algo pelo mal, mas a Bíblia tem uma resposta clara – o mal é o resultado do pecado.

A primeira leitura do livro de Gênesis nos relata qual a origem do mal. Lembramos que não é um relato histórico e sim uma reflexão sobre as verdades da situação humana. O mal entra no mundo quando nos afastamos de Deus, da sua palavra e do seu projeto. Comer o fruto da arvore do bem e do mal é dar livre curso à ganância e ao orgulho, fazendo com que cada um, conforme o seu próprio interesse, decide o que é o bem e o mal. Não há critérios para as decisões e ações de uma pessoa a não ser que seja o próprio desejo. É daí que vem a origem do mal. Adão e Eva, que representam toda a humanidade, depois de fazer seu próprio desejo e escolher o caminho do mal, apresentam duas atitudes: o medo e a fuga. Eles têm medo de serem descobertos e fogem das suas responsabilidades. Assim, ninguém quer ser responsável por seus atos e manipulações. Adão culpa Eva e Eva culpa a serpente. Medo e acusações se tornam parte das relações humanas.

No Evangelho, Jesus está em casa onde se reuniu uma grande multidão que os discípulos não podiam nem comer. Para Jesus a casa não é simplesmente uma morada, mas o lugar da missão e a sua família não se limita à sua mãe e seus irmãos: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 33-35). A família e a casa para Jesus são a própria comunidade que é chamada a realizar uma missão, estabelecer o Reino no meio da humanidade. Fazer a vontade de Deus e se identificar com o Reino é recuperar o paraíso que foi perdido por causa do mal que entrou no mundo. Por isso Jesus disse que a blasfêmia contra o Espírito Santo não tem perdão, pois é justamente pecar contra a origem do bem e do amor que é o projeto de Deus e a sua palavra. Então as forças do mal e do adversário de Jesus continuam agindo pelo pecado daqueles que se fecham em sua ganância e prepotência e não são capazes de compreender uma nova proposta de redenção da humanidade pela prática do bem. Esta redenção é o caminho apresentado por Jesus e é a comunidade que escuta e vive de acordo com sua palavra, que recupera a fraternidade criando novas relações entre as pessoas e reconstruindo o paraíso perdido.

Como vencer o mal? É muito fácil culpar os outros, fazer acusações e nos desculpar. Assumir a missão de sermos cristãos é nossa tarefa diária. Importante lembrar que assumir a responsabilidade pelos próprios atos é o primeiro passo para vencer o mal. Depois, perdoar o mal é vencer o mal. Jesus expulsou o mal pela misericórdia e é pela prática da misericórdia. É pelo perdão que podemos também expulsar o mal.

Além disto, a doação na comunidade se torna o meio para vencer o mal. A doação acontece quando nos dedicamos pelo bem da comunidade e dos outros sem o interesse próprio. A festa do Corpo de Cristo que realizamos semana atrasada foi um bom exemplo disto, pois quando caminhamos como um só corpo e nos colocamos a serviço da comunidade com muita dedicação vivemos como uma só família que realiza a vontade do Pai. Dízimo é outro exemplo, pois dízimo é a partilha sem interesse próprio, é doar gratuitamente sem esperar algo de volta. Assim, nos tornamos membros ativos da comunidade e irmãos e irmãs na família de Deus. É esta participação que nos ajuda a aprender o caminho do bem e nos defende do nosso comodismo e individualismo, que foi o caminho do mal que Adão e Eva escolheram, se afastando do plano de Deus.

São Paulo nos recorda: “Uma tribulação momentânea acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (2Cor4, 17-18). Justamente, quando compreendemos que a nossa morada não é obra de mãos humanas, mas de Deus, é que estamos no caminho de sermos irmãos uns dos outros. Isto significa vencer o adversário que divide e acusa, pela prática do bem que cria o paraíso do amor e da solidariedade.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

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