Todos nós temos as nossas expectativas. Ter expectativas significa esperar algo que vai acontecer baseado nas nossas esperanças e nas probabilidades. Em outras palavras, o que achamos e esperamos que vai acontecer no futuro. Podem ser expectativas daquilo que pensamos que vai acontecer a partir do nosso próprio desempenho ou podem ser expectativas em relação aos outros. As vezes as nossas expectativas são alcançadas e sentimos realizados e felizes porque aconteceu o que a gente esperava. Outras vezes nossas expectativas não são realizadas e sentimos uma sensação de frustração e tristeza, pois não aconteceu o que a gente esperava. Também, às vezes se torna necessário ajustar nossas expectativas de acordo com a realidade e é preciso examinar e ajustar as nossa próprias atitudes e ações diante das expectativas que temos. De qualquer maneira tanto mais as nossas expectativas, quanto mais a decepção e tristeza quando não acontecem.
Na época de Jesus, existiam várias expectativas sobre a vinda do Messias. Havia a pergunta: que tipo de Messias virá? Uns achavam que o Messias iria expulsar os Romanos com o poder das armas. Para os fariseus, o Messias viria para cumprir toda a Lei. Outras pessoas achavam que viria sobre as nuvens do céu com poder e majestade para reestabelecer o reino de Israel. Para o profeta Isaias, o Messias seria o servo sofredor, alguém que ia acolher os pobres, os sofredores e os pequenos. Havia muitas expectativas diferentes dependendo de cada pessoa e de cada grupo.
Acontece que muitas vezes as nossas expectativas em relação a Deus não correspondem à realidade. Isso já se vê com o profeta Zacarias. O povo esperava um Messias que entraria na cidade num cavalo de guerra, mas o profeta apresenta uma outra visão. Em vez do cavalo, ele virá montado num jumento, ele é humilde e vai anunciar a paz. Sua missão é quebrar as armas da violência pela prática da justiça. Não seria através da violência que Deus iria realizar as expectativas do povo.
É também o que escutamos no evangelho quando Jesus fala da sua missão. O Pai escondeu dos sábios e entendidos e revelou aos pequenos os mistérios do Reino de Deus. Ele veio para os abatidos e fatigados, pois ele promete descanso, pois é manso e humilde de coração. A revelação de Jesus como Messias humilde vai de encontro com as expectativas de muitos que estavam cheios de si e esperavam o Messias que viria com poder para eliminar os inimigos, poder que seria acompanhado de riqueza e grandeza. Para Jesus o fundamental é a mansidão acompanhada pela bondade e gratuidade, humildade e livre de toda a violência. São somente os pequenos e abatidos que compreendem esta mensagem, pois no Messias prometido por Deus, eles iam encontrar o descanso, como disse Jesus: “O meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Então, podemos perguntar, a partir das leituras de hoje: quais as nossas expectativas em relação a Jesus? Talvez pensemos num Jesus que vai resolver todos os nossos problemas, ou num Jesus lá no céu, longe da nossa realidade e do sofrimento do povo. Para estas pessoas a fé não tem nada a ver com as próprias ações no dia-a-dia. Ou, outras pessoas podem ter uma visão de Jesus como Messias do lado dos mais fortes, especialmente quando cita o nome de Jesus para justificar as ações de injustiça e violência. Há muitos que pregam um Jesus que vai garantir a prosperidade e projetam Jesus nos meios de comunicação através do luxo e riqueza. São visões de Jesus que mostram pessoas cheias de si, que só pensam em elogios para suas próprias práticas sem o reconhecimento do verdadeiro Jesus. Estes falsos pregadores usam a fé em Jesus como meio de aumentar as expectativas do povo de acordo com seus próprios interesses.
As leituras de hoje mostram um outro Jesus – humilde e manso de coração que combate o poder, a majestade, a grandeza e o espírito egoísta das pessoas cheias de si. Diante disto, devemos examinar as nossas expectativas e esperanças e verificar se de fato estão de acordo com a mensagem de Jesus no evangelho. Não seria necessário ajustar nossos pensamentos sobre Jesus e sua missão? Se compreendermos a mensagem de Jesus na liturgia de hoje, vamos confirmar nossa fé não através da grandeza, mas na vivência da humildade. Esta mensagem do evangelho deve provocar no nosso coração do seguidor o espírito de doação e gratuidade. É Jesus que confirma a expectativa de todos aqueles que acreditam assim: “Vinde a mim todos vocês que estão cansados e fatigados sob o peso de seus fardos e eu darei descanso” (Mt 11, 28).
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo