
Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM
Uma das inquietações da humanidade é a existência do sofrimento. Quando enfrentamos situações de sofrimento, sempre questionamos: por que existe o sofrimento? O sofrimento faz parte da nossa existência, ninguém escapa. Responder à pergunta porque existe o sofrimento é difícil, mas podemos descobrir o que causa o sofrimento. Há muitos motivos para o sofrimento e um deles é a maldade. Existe muitas pessoas que sofrem por causa da maldade e dos pecados dos outros. Quantas famílias sofrem por causa dos vícios, os filhos viciados em drogas, o pai alcoólatra, ou a infidelidade e a traição que causam dor, tristeza e angústia. A imprudência no trânsito, alguém que avança um sinal pode mutilar ou matar alguém e os familiares e a própria vítima podem sofrer por toda a vida. A desonestidade e a mentira podem criar situações de incompreensão, divisão e vingança. A injustiça e a corrupção na política causam muito sofrimento, pois tiram os recursos que devem ser usados para políticas públicas que servem ao povo. Sem dúvida, podemos citar muitas maldades que causam o sofrimento. Enquanto todos nós podemos sofrer por causa da maldade e dos pecados dos outros, devemos lembrar que também nós, por causa das nossas maldades, já causamos o sofrimento nos outros. Podemos ser vítimas e causadores do sofrimento. É bom perguntar, quantas vezes nós também causamos o sofrimento nos outros?
No evangelho de hoje, Jesus conta a parábola do joio e do trigo. Ele fala de um homem que semeou boa semente no seu campo e depois veio o inimigo que semeou o joio, a semente ruim. Os dois cresceram juntos e os empregados queriam logo arrancar o joio que estava misturado com o trigo. Jesus explica a parábola dizendo que enquanto a semente boa é aquela que pertencem ao Reino, o joio são as pessoas que pertencem ao maligno e fazem o mal, os inimigos do reino. A realidade é que o mal e o pecado estão presentes mesmo no meio do bem e da bondade. Podemos questionar como viver no mundo onde coexistem a justiça e o pecado, a bondade e a maldade, e muitas vezes dentro da mesma pessoa e até mesmo dentro da Igreja? E se a maldade é a causa de tanto sofrimento no mundo, por que não podemos a arrancar do nosso meio?
Jesus nos ensina que não pode arrancar o joio porque sempre vai haver a coexistência do bem e do mal. É esta a realidade do reino, mas para entender melhor, Jesus conta mais duas parábolas: o grão de mostarda e o fermento. É o reino que cresce entre nós. Primeiro, é uma pequena semente que depois se torna uma grande planta onde vem os pássaros para fazer ninhos. Depois é o fermento que misturado na farinha faz toda a massa crescer. O sofrimento por causa do mal vai sempre nos acompanhar, mas nós também podemos ser a pequena semente e o fermento pela vivência dos valores do evangelho e pela força do Espírito, para sermos transformados e transformadores.
Uma grande mensagem deste domingo é que o tempo da Igreja é o tempo de crescimento do reino e Deus espera este crescimento, pois é paciente. Como São Paulo escreve aos Romanos: “O Espírito de Deus que vem em socorro da nossa fraqueza” (Rm 8, 26). É este Espírito que penetra nos corações e realiza o Reino. Nós não podemos erradicar o sofrimento e a maldade, mas podemos ser sementes do Reino para viver o bem e trazer a paz e a alegria para as pessoas. O joio e o trigo vão estar sempre juntos, mas nós podemos trabalhar para que, o joio dentro de nós e em nosso meio, seja transformado em trigo. Devemos então aprender das parábolas de Jesus: podemos ser o joio, cheios de maldade, trazendo o sofrimento e a tristeza, ou podemos ser uma pequena semente e o fermento para transformar a nossa vida e a realidade ao nosso redor. O sofrimento continua, mas nós podemos ser sinais de amor, misericórdia e bondade, trazendo a alergia e o amor a todas as pessoas.
Por: Frei gregório Joeright, OFM
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo