17º Domingo do Tempo Comum

Imagem: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

O evangelho de Lucas é o evangelho do caminho. Jesus está caminhando com seus discípulos até Jerusalém onde enfrentará sua paixão e morte, e, ao caminhar, ensina sobre o significado do discipulado e mostra quais os valores que seus seguidores devem viver. Para nós, que acompanhamos Jesus através do evangelho de Lucas, cada semana há um novo ensinamento. Nos domingos anteriores, Jesus ensinou o que significa ser discípulo na fidelidade da missão quando disse que “quem põe a mão no arado e olha para trás não é digno do Reino de Deus”, mostrou o que significa compaixão e solidariedade na parábola do bom Samaritano e valorizou a acolhida da sua palavra pelo exemplo de Maria que ficava aos seus pés para escutá-lo. Hoje, Jesus ensina como rezar.

Os discípulos viram quando Jesus rezava e pediram que ele os ensinasse. Jesus ensina o Pai Nosso, oração que nós seus seguidores de hoje, rezamos todos os dias. Mas rezar é muito mais que dizer palavras decoradas ou repetir fórmulas. É entrar em sintonia com Deus e seu projeto. É pedir a Deus o que ele mesmo deseja, e o desejo de Deus é comunicar a vida a todos.

É a lição da primeira leitura. Diante dos pecados de Sodoma e Gomorra, Abraão faz uma negociação com Deus. Primeiro, ele pergunta: “Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? Se houvesse cinquenta justos na cidade, acaso iria exterminá-los” (Gn 18, 23). Abraão fica até atrevido, pois ele continuar a questionar o próprio Deus até chegar ao número de dez justos: “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar só mais uma vez: e se houvesse apenas dez? (Gn 18, 32). O apelo de Abraão é justamente em sintonia com o que Deus quer: “Longe de ti agir assim, fazendo morrer o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio. Longe de ti! O juiz de toda a terra não faria justiça?”(Gn 18, 25). Sim, o Deus da vida não quer a morte, pois é capaz de poupar a vida de todos, mesmo que sejam poucos os justos. Deus quer a vida e não a morte!

No evangelho Jesus ensina Pai Nosso. Podemos dizer que, ao chamar Deus de Pai, Jesus propõe uma ideia completamente nova, é uma ousadia. Reconhecer que temos um só Pai significa que somos todos irmãos e irmãs e formamos uma só família. Portanto, quando vivemos em família, santificamos o nome de Deus e fazemos a vontade do Pai que quer a vida. Ao mesmo tempo, queremos que venha o Reino, que aconteça na terra como no céu.

Pão nosso é também rezar pela paz e a justiça e o alimento que precisamos o pão que alimenta e dá vida, tanto a vida material como espiritual. Ao mesmo tempo, é lembrar e da importância do perdão. Perdoar não somente as ofensas, mas também as dívidas. É o perdão que reestabelece a fraternidade. Rezar o Pai Nosso é pedir que sejamos livres do mal, do egoísmo, da ganância e do poder do mundo para que possamos nos comprometer com os valores do Reino. De fato, quando rezamos o Pai Nosso procuramos entra em sintonia com a vontade do Pai, e, a partir da oração, pedir, suplicar e entrar em harmonia com o desejo de Deus. Assim, podemos pedir o que precisamos na nossa vida: saúde, alegria, paz e amor.

Mas precisamos lembrar que pedir não é simplesmente entrar no supermercado para tirar o que queremos ou desejamos no momento. Às vezes, a nossa oração é para pedir algo do nosso próprio interesse que podia até prejudicar o outro. Pedir é se comprometer com o desejo de Deus que é a vida.

Por isso, devemos rezar com insistência, não tanto porque Deus não sabe o que precisamos, mas para abrirmos ao que ele nos quer dar. Pedindo, a gente se convence mais a si mesmo do que a Deus! Pedir é comprometer-se. Se pedimos a Deus saúde, não é simplesmente para ficar bom, mas para servir melhor os outros. Se pedimos paz, não é para sermos deixados em paz, mas para nos dedicar à comunhão fraterna. Se pedimos pelos irmãos doentes ou pobres, é porque queremos promover ações que vão ajudá-los. Rezar é também agir em benefício dos outros.

Pedimos então que Deus escute nossa oração pois: “Se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11, 13).

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

 

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email
Share on print