18° Domingo do Tempo Comum

Imagem: Frei Fábio Vasconcelos, ofm

“Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade” (Ec 1,2).  São as palavras do autor do livro Eclesiastes, a primeira leitura da liturgia de hoje. Parece que são palavras sínicas! De alguém que se desgostou, que não encontrou mais sentido na vida e que acha que o sofrimento e as dificuldades da vida nos colocam diante da futilidade da própria existência.

De fato, podemos olhar para os valores que são postos para nós. Parece que o consumismo tomou conta do nosso mundo. Muitas pessoas pensam que consumir mais coisas é alcançar a felicidade, mas no fim das contas, quanto mais o desejo de consumir tanto mais a futilidade das coisas. O produto que compramos hoje sai de moda amanhã! Uma televisão da última geração já está fora da moda antes de pagar todas as prestações. O desejo de ter um carro 0 Km, mas quando sai da concessionária o seu valor já diminuiu 20%. E um celular que faz tudo, mas no fim, nem 20% dos recursos que tem são usados, e foi gasto uma fortuna. A lógica de muitas pessoas é comprar mais e mais, pois assim se alcança a felicidade, mas no fim só fica a frustração, porque sempre tem uma nova moda, um novo produto, e nunca se satisfaz, pois sempre há o desejo de possuir mais e mais.  Então, quando as pessoas não conseguem adquirir os últimos lançamentos, ficam irrequietas, quando conseguem, ficam enjoadas. Oh, vaidade das vaidades!

Talvez tenha sido esta insatisfação humana que levou um homem do meio da multidão a pedir a Jesus: “Mestre, dize para meu irmão que reparta a herança comigo” (Lc 12, 13). O homem queria que Jesus resolvesse uma briga de família por causa de bens materiais. Jesus, porém, não mostra interesse por isto, sua missão é outra. Para Jesus o que interessa é a conversão para os valores do Reino de Deus. Não que Jesus critique o desejo de viver com dignidade com aquilo que é necessário, mas o que ele denuncia, é a mania de depositar e esperança nas riquezas, perdendo a oportunidade de reunir os verdadeiros tesouros: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus” (Lc 12, 21).

Então, o verdadeiro tesouro é o que depositamos junto a Deus por meio da solidariedade para com as pessoas, especialmente os mais necessitados. É essa a ideia da parábola de Jesus sobre o homem que fez uma grande colheita e ficou pensando onde guardar toda a sua riqueza. Resolveu construir depósitos maiores para ter reservas para muitos anos, mas que loucura, no final das contas não ia dar nenhuma segurança, pois na mesma noite Deus ia pedir de volta a sua vida. Vaidade das vaidades! O ensinamento de Jesus é fundamental: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o seu coração”.

A liturgia de hoje então nos ensina uma grande lição. No evangelho de São Lucas estamos no caminho com Jesus para aprender o que significa segui-lo. Hoje em dia é muito comum colocar tudo no seguro: há seguro de vida, para carros, roubo, incêndios, acidentes. Mas é preciso também assegurar nossa vida de fé.  O dinheiro nos dá uma falsa sensação de segurança. A nossa única segurança é a vida que levamos em consequência daquilo que acreditamos.

Assim aquilo que temos não pode ser instrumento de separação ou briga entre as pessoas, como muitas vezes acontece, mas sim comunhão com Deus e com os irmãos. Vivemos esta comunhão na partilha e na solidariedade. Senão tudo é vaidade e nunca entenderemos o que Jesus nos ensina sobre o Reino de Deus: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenham muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância dos bens” (lc 12, 15).  Assim, as palavras do salmista nos mostram onde nós podemos encontro o caminho da verdadeira felicidade: “Vós fostes ó Senhor, um refúgio para nós”.

Por: Frei Gregório Joerigth, OFM

Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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