Uma imagem é uma representação visual de uma pessoa ou objeto. Mas, uma imagem não é só uma representação, ela parte de algo que é real. Por exemplo, quando olhamos para uma outra pessoa, enxergamos a sua imagem, e sabemos que a pessoa diante de nós é real, pois podemos tocar e sentir a sua presença. Ao mesmo tempo, a imagem de uma pessoa depende muito do nosso ponto de vista, do nosso pensamento e da nossa ideia. Por isso, uma imagem que temos de uma pessoa ou objeto, mesmo que parte do real, pode ser uma imagem inventada pelo pensamento. Podemos dizer que uma imagem pode ou não corresponder à realidade. Em outras palavras, pode ser uma imagem verdadeira ou uma imagem falsa.
Hoje, na primeira leitura, Josué falou ao povo: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir” (Js 24, 15). Josué estava dizendo ao povo que eles deviam escolher entre os deuses estranhos com suas imagens ou o Deus verdadeiro que os tirou do Egito, da terra da escravidão. Para manter a fidelidade ao projeto de Deus, era preciso rejeitar os deuses falsos e escolher o único Deus verdadeiro. Os ídolos, então, são imagens dos deuses falsos que representam aquilo que somente aparece por fora, uma falsa religião onde a fé significa troca de favores. Nesta falsa religião, é preciso prestar culto a estes deuses simplesmente para resolver problemas ou fazer pedidos. É uma falsa imagem de Deus baseada na teologia da prosperidade que ainda existe hoje. É a religião de troca de favores, onde se faz oferta para receber de volta a benção de Deus. Diante disto, podemos dizer que se pode criar uma falsa imagem do Deus verdadeiro a partir dos próprios pensamentos e interesses. Por isso, Josué falou que é preciso abandonar os falsos deuses e servir somente o Senhor. Fazer esta escolha significa viver a verdadeira fé, sair da casa da escravidão para caminhar rumo a liberdade e alcançar a Terra Prometida.
Este caminho da fé exige compromisso e foi isso que Jesus confirmou quando disse: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vidado mundo” (Jo 6, 51). Muitos dos seguidores de Jesus não podia aceitar estas palavras pois queriam um sinal, um milagre de Jesus, uma religião de aparência ou de imagem. Comer do pão descido do céu significa assimilar Jesus e sua palavra. É preciso que a vida de Jesus faça parte da vida da pessoa que come deste pão. A religião não pode ser uma beleza estética ou uma aparência, mas uma motivação de servir, doar a vida em prol do projeto, da transformação e da verdadeira vida de fraternidade.
Foi Pedro que compreendeu isto quando fez sua profissão de fé: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68-69). Quem come do pão e bebe deste cálice que Jesus nos dá, se compromete não com uma falsa religião de promessas, de estética, de troca de favores, mas com o serviço em prol da comunidade e da vida.
Na nossa sociedade de hoje, há muitas pessoas que inventam uma imagem de Jesus que não corresponde à realidade. Descobrir o verdadeiro Jesus é tomar uma decisão de seguir seu caminho e aderir ao seu projeto de vida. Nós católicos, devemos lembrar que ser cristão é uma decisão, uma escolha para os caminhos da nossa vida. Para isto também é fundamental conhecer a palavra e ensinar o seu significado para a vida. Este ensinamento deve levar a pessoa a escolher. É uma tarefa de toda a comunidade, da família e também dos catequistas. É preciso mostrar que a vivência cristã é fruto de uma escolha, de uma decisão pessoal.
A catequese de iniciação a vida crista é justamente isto, conhecer Jesus, sua palavra e sua vida para que todos possam dar uma resposta mais consciente e seguro para ser de verdade um cristão e católico no mundo. Hoje, o dia do catequista, é motivo de nos alegrar com pessoas que se dedicam na comunidade, servindo e ensinando o verdadeiro rosto de Jesus. Neste mês vocacional lembramos que somos chamados a servir e queremos incentivar mais pessoas a viver a vocação de doação e serviço na comunidade mostrando o verdadeiro rosto de Jesus. Que as palavras de Pedro sejam nossas: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM