21º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OGM

“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”

Um nome tem grande importância, tanto para as pessoas como para coisas, lugares e animais. Um nome serve para identificação e até manifesta a própria vocação. Quando fomos batizados recebemos o nome de cristão que significa que temos a vocação de abraçar tudo que é digno desse nome e rejeitar o que não convém ao cristão. Até os apelidos que damos para as pessoas indicam o seu trabalho ou seu jeito. Podemos dizer que o nome de uma pessoa ou de um lugar não é somente uma identificação, mas também uma indicação de sua vocação.

Por exemplo, de onde vem o nome da cidade de Monte Alegre? Há várias explicações. Primeiro, como em muitas cidades do Baixo Amazonas: Santarém, Alenquer, Óbidos, Almeirim… Monte Alegre recebeu seu nome de uma pequena vila em Portugal em 1758, juntamente com a fundação da paróquia de São Francisco de Assis. Mas, não foi só isso. As pessoas que chegaram por aqui ficaram encantadas pela paisagem e beleza do lugar cercado por serras e montes, e o mirante que dá uma visão espetacular do Rio Amazonas. Também o lugar era alegre e os mais idosos contam que o bosque tinha muitas árvores e no final da tarde, vinham muitos periquitos, araras e papagaios que alegravam o lugar com seu canto.  Então, o nome Monte Alegre já indica sua vocação, ser um monte encantador por sua beleza e um lugar de alegria.

Jesus caminhava com seus discípulos ao norte da Galileia, perto de uma cidade que se chamavam Cesareia de Filipe. A cidade cultuava o deus pagão Pan, mas quando Herodes foi rei, ele construiu neste lugar um grande templo para prestar culto ao Imperador César. Quando o filho de Herodes, Filipe, começou a reinar, a cidade ganhou o nome de Cesareia de Filipe.

É justamente neste lugar pagão que Jesus perguntou: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” E eles responderam o que o povo andava falando: “Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, Jeremias ou algum dos profetas”. Mas Jesus queria saber o que eles pensavam: “E vocês quem vocês dizem que eu sou”. Aí Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.  No lugar onde se cultuava o imperador como filho de deus, Pedro faz uma profissão de fé: Jesus, o carpinteiro sem autoridade política e sem o poder das armas é o verdadeiro Filho de Deus que veio para implantar o Reino de Deus. Dizer isto na sombra de uma cidade que manifestava o poder e a riqueza do Império Romano não era somente rejeitar este poder, mas também confirmar o compromisso com outro reino. Por isso, Jesus dá um novo nome para Simão: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja”. É este novo nome que Simão recebe, Pedro – Pedra, que mostra a vocação e a missão dos discípulos e de todos os seguidores de todos os tempos, pois Jesus diz que a Igreja receberá as chaves do Reino dos céus e nem o poder do inferno poderá vencê-lo. O nome de cristão, aquele que professa a fé e segue Jesus, significa então rejeitar tudo o que não convém ao cristão e abraçar tudo que é digno deste nome. Significa construir o Reino de justiça e de paz na sombra de num mundo de violência e injustiça.

Se um nome não somente identifica uma pessoa, mas também mostra a sua vocação e a missão, podemos então perguntar: o que significa fazer a mesma profissão de fé de Pedro na nossa cidade de Monte Alegre? Qual a nossa vocação de cristãos nesta cidade que manifesta a beleza da criação, sendo também um lugar de alegria? Em outras palavras, o que é preciso fazer para que os Monte Alegrenses possam rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar o que é digno deste nome?

Primeiro, professar a fé em Jesus como Filho de Deus vivo significa nos identificar como cristãos e como Pedro construir a Igreja, o Reino de Deus. Esta missão exige fidelidade e firmeza e a beleza de experimentar a vida em comunidade, mesmo diante da tristeza de um mundo cada vez mais individualista.

Nossa cidade é cada vez mais violenta – morte no trânsito, assaltos e até assassinatos, violência nas famílias e drogas, sinais de pecado e morte que trazem muita tristeza. Nós precisamos ser sinais e instrumentos de paz e de perdão trazendo beleza e alegria para nossa cidade seguindo o exemplo de nosso padroeiro São Francisco de Assis.

Rejeitar o que não convém ao cristão significa lembrar que Deus abençoou este lugar com beleza extraordinária, mas a destruição da natureza e da vida por causa do lixo acumulado, do desmatamento e da exploração indiscriminada torna este lugar num cenário de injustiça e desrespeito, uma grande tristeza para todos. Fazer tudo que é digno do nome de cristão é lembrar que a paróquia São Francisco de Assis foi fundada no mesmo ano que Monte Alegre recebeu seu nome. Francisco de Assis olhou para todos e toda criação como irmão e irmã, uma grande alegria para o cristão. Como Francisco, nós moradores de Monte Alegre precisamos guardar a beleza da vida em nossa cidade e reconhecer toda a criação como irmão e irmã.

Nosso nome de cristão já nos identifica e nos indica o caminho para o Reino. Professar a fé em Jesus como Messias, Filho do Deus vivo, é assumir a causa do Reino e nem o poder do inferno poderá vencê-lo. Que ninguém se engana com nosso nome, quando nos chamam de cristãos é porque professamos a fé em Jesus, Filho do Deus vivo, e que a nossa cidade, Monte Alegre, seja o lugar onde podemos abraçar tudo que é digno deste nome.

Por: Frei Gregório Joerigth, OFM


BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo

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