Este ano, durante a Campanha da Fraternidade, aprendemos que a educação é um indispensável serviço à vida e que é mais que simplesmente ampliar informações, pois a educação deve ser um meio de adquirir uma verdadeira sabedoria. Sabedoria é a capacidade que nos ajuda a descobrir o caminho certo, a maneira certa de agir tanto com as pessoas como também com o mundo ao nosso redor. O sábio é aquele tem paciência com as coisas e a inteligência para agir, sabe decidir correntemente, sempre respeita as pessoas e age com ética. Buscar a sabedoria é buscar as coisas de Deus, é saber qual é a vontade de Deus diante das situações da vida. Mas, será que temos a capacidade de conhecer a sabedoria de Deus?
A primeira leitura de hoje foi tirada do livro de Sabedoria e fala assim: “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas, porque o corpo corruptível torna pesada a alma e a tenda de argila oprime a mente que pensa” (Sb 9, 13-15). Em outras palavras, nossa condição humana, nossa tenda de argila, limita nossa capacidade de agir com sabedoria. Mesmo assim, o autor de sabedoria confirma que é só pela sabedoria que podemos aprender os caminhos do Senhor e alcançar a salvação. Mas, o mundo de hoje carece de sabedoria e nem mesmo respeita suas próprias fontes de vida, sacrificando a criação por causa do lucro. Praticamente toda a sociedade se envolve no jogo da competição e do consumo. Assim a prosperidade material se torna uma armadilha quando as pessoas procuram conseguir as coisas por conhecimento e não por sabedoria. A sabedoria é procurar agradar a Deus e é por esta sabedoria que somos salvos. Então, como conseguir a sabedoria de Deus?
Uma coisa necessária é aprender os caminhos do Senhor e ter a coragem de viver de acordo com a sabedoria de Deus. Foi este o exemplo que São Paulo nos dá na segunda leitura. Ele escreveu para Filemon que era dono do Onésimo, o escravo que tinha fugido para socorrer Paulo na prisão. Na prisão Onésimo foi batizado e nasceu para Cristo. Voltando para Filemon ele deve ser castigo, mas Paulo pede uma nova prática, não castigar, mas, aceitar de volta não como escravo, mas como irmão querido. Uma nova prática, uma mudança na mentalidade por causa do seguimento de Jesus. Só pode ser a sabedoria de Deus que leva a agir de uma nova maneira.
O evangelho também nos ajuda a descobrir sobre a sabedoria de Deus. Para ser seu discípulo, Jesus fez a seguinte exigência: “Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27). É a sabedoria da cruz que é loucura para este mundo, pois as exigências do seguimento de Jesus parecem uma loucura: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,26). É a consequência da sabedoria cristã, da ponderação do investimento necessário para o Reino de Deus. Jesus ainda deu o exemplo da torre, pois começar uma construção sem o necessário capital é loucura, pois todo mundo ficará caçoando desta pessoa porque não conseguiu concluir a obra. Esta torre lembra da torre de Babel, resultado da sabedoria humana, da vaidade e do desejo de dominar com o resultado da confusão e divisão entre as pessoas, símbolo da vaidade e da confusão humana. O homem sábio faz seu orçamento e decide quanto vai investir. No caso do cristão, o único orçamento adequado é o do investimento total, é nos comprometer no seguimento de Jesus e, na vivência da fé, construir o Reino de Deus.
Esta semana celebramos a semana da Pátria e 200 anos da independência do Brasil. Pedimos que todos os brasileiros e todas as brasileiras possam orientar suas vidas pela sabedoria de Deus. Se queremos um Brasil onde seu futuro espelha a grandeza, é porque temos a capacidade de agirmos de uma maneira diferente, na prática da cidadania, no respeito para com os outros, na ética nos negócios, na obediência às leis do trânsito, na dedicação dos estudos, no cuidado com o meio ambiente e no tratamento do lixo. Assim, visemos o bem de todos e não interesses próprios.
Refletindo sobre tudo isto, podemos dizer que a liturgia de hoje nos ensina muito sobre a nossa vida de fé. Para ser o verdadeiro discípulo de Jesus é preciso viver o que o evangelho nos propõe. Seguir o caminho de Jesus é orientar nossa vida pela sabedoria de Deus que é a cruz de Jesus, loucura para o mundo, mas o caminho da salvação para aqueles que acreditam.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo