25º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

Como é bom ser surpreendido com algum acontecimento que a gente nunca esperou. Por exemplo, um aniversário surpresa. Amigos ou familiares planejam a festa, convidam as pessoas, preparam a comida e o aniversariante nem desconfia. Quando entra na sala tudo está no escuro e de repente o povo grita “surpresa”. É um momento de grande emoção, foi uma grande surpresa. Mas nem toda surpresa é agradável. Podemos ser surpreendidos com uma notícia de acidente, doença, morte ou uma decepção de alguém que nós gostamos e que nos traiu com uma atitude nada agradável. Uma surpresa pode ser positiva ou negativa dependendo não somente da situação que provocou a surpresa, mas também das nossas expectativas em relação às pessoas.

As parábolas de Jesus também sempre tinham um elemento surpresa. Os ouvintes de ontem e hoje são surpreendidos com algo que é diferente do nosso pensamento ou nossa maneira de agir. As surpresas de Jesus nas parábolas vêm do fato que elas nos ensinam sobre o Reino, e a lógica do Reino não é de acordo com nossa lógica. O profeta Isaías explica muito bem isso: “Meus pensamentos não são como vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor. Estão meus caminhos e meus pensamentos acima de vossos caminhos e vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra” (Is 55, 8-9).

Na parábola do evangelho de hoje, podemos ver três surpresas:

Primeiro, a presença de pessoas desocupadas o dia inteiro na praça. Para nós, parece estranho que tinha gente vagando sem fazer nada. Mas, para aquele tempo não era tão estranho uma vez que a terra, o principal meio de sustento para o povo, era concentrada nas mãos dos latifundiários e, por isso, existia muito desemprego e o único meio para sustentar a família era esperar alguém para contratar o trabalho por um dia.

Segunda surpresa, para os primeiros trabalhadores, o patrão combinou uma moeda de prata, mas na medida que foi contratando, ele combinou pagar o que for justo. Para os trabalhadores daquele tempo uma moeda de prata era o salário de um dia e a garantia de alimento para aquele dia. Pagar o que for justo seria dar o suficiente para o trabalhador comer naquele dia e não de acordo com as horas trabalhadas.

Terceira e maior surpresa: quando chegou no fim do dia, os que trabalharam somente uma hora receberam o mesmo salário dos que trabalharam o dia inteiro. Foi uma grande surpresa tanto para os primeiros como também para os últimos. Os primeiros não gostaram, mas os últimos foram tratados com dignidade e de acordo com aquilo que necessitavam.

Estas surpresas da parábola nos ensinam várias coisas. O que Jesus ensina é diferente do que nossa maneira de pensar e agir. Ele revela os pensamentos e os caminhos do Pai. Devemos sempre lembrar que a lógica do Reino do Pai é diferente da nossa lógica. Por isso que Isaías também nos lembra que é preciso sempre buscar o Senhor enquanto pode ser achado, abandonar os caminhos do mal e voltar para o nosso Deus que é generoso no perdão.

A segunda coisa é que nossas relações devem ser baseadas na gratuidade. No mundo onde tudo tem seu preço e o valor das pessoas é calculado por aquilo que produzem é necessário cultivar a gratuidade. O patrão pagou o mesmo salário para todos para mostrar que o maior valor das pessoas não vem por aquilo que produzem, mas pela dignidade de cada um. Quando reconhecemos a dignidade de todas as pessoas, nós nos tornamos pessoas gratuitas.

Finalmente, o evangelho sempre nos desafia a viver diferente, a praticar valores que muitas vezes são rejeitados pela sociedade. Em outras palavras “viver na altura do evangelho” como São Paulo nos ensina. Aceitar este desafio é praticar estes valores em todas as dimensões da vida: na família, no trabalho e na escola. Neste dia nacional da Bíblia, somos desafiados a conhecer a vontade do Pai e a compreender seus pensamentos e seguir seus caminhos.

Muitas vezes nós não somos mais surpreendidos com os acontecimentos do mundo. Acidentes, guerras, atos terroristas, corrupção, maldade, injustiça e violência são tão comuns que não nos surpreendem mais. É justamente por isso que nós devemos ser uma surpresa agradável para os outros pelo nosso compromisso de viver na altura do evangelho para que os nossos pensamentos e os nossos caminhos sejam os mesmos pensamentos e caminhos do Senhor.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo

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