26º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

A parábola no evangelho de hoje fala de dois filhos – um que disse sim e o outro que disse não. São duas palavras pequenas, mas ditas por cada um de nós muitas vezes ao longo do dia. Cada sim ou não que a gente fala reflete uma decisão nossa e fazemos muitas decisões todo dia. Umas das decisões que fazemos são fáceis: a hora de levantar ou tomar banho, a roupa que vamos usar, são decisões que fazemos sem muita reflexão, são automáticas. Outras decisões precisam de mais reflexão: qual a vocação que vai seguir na vida, a pessoa com quem vai se casar, onde vai morar e tantas outras que precisam de muita reflexão. É bom lembrar que muitas decisões que fazemos não tem volta e toda decisão tem as suas consequências que podem ser positivas ou negativas. O mesmo tempo, ao longo do dia, fazemos várias decisões diante do bem ou do mal, dizendo o sim ou o não para realizar uma boa ação ou escolher o caminho da maldade.

Na parábola de Jesus, os dois filhos não somente dizem “sim” e “não”, mas também fazem o contrário da sua resposta. Jesus conta esta parábola para os fariseus e doutores da Lei, pois eles achavam que dizer sim a Deus significava simplesmente cumprir com as prescrições da Lei sem se preocupar com a vida das pessoas. O trabalho na vinha é justamente o compromisso com o Reino de Deus que é o reino da justiça, da fidelidade e do amor. O sim dos fariseus na prática era um não para este Reino. Enquanto isso, as prostitutas e cobradores de impostas, pessoas que não cumpriam as prescrições da lei, pareciam que estava dizendo não, mas na realidade começaram a acreditar em Jesus e o “não” tornou-se um “sim” a Jesus e seu projeto de amor.

É como escutamos na primeira leitura. Ezequiel questiona a ideia do povo que dizia que a conduta do Senhor não estava correta. Para o profeta, é o povo quem deve examinar a sua conduta e avaliar as suas decisões. O que conta é o arrependimento da prática da maldade e a observância do direito e da justiça. É isto que evita a morte e leva a vida.

Podemos então pensar sobre a importância das nossas decisões. Somos a soma das decisões que fazemos. Isto significa que cada decisão faz uma diferença na vida e, com certeza, terá as suas consequências. Cada vez mais que decidimos a fazer o bem, mais que a prática do bem se torna um constante na nossa vida. Pelo contrário, se decidimos constantemente a fazer o mal, mais que a maldade faz parte da nossa vida. Cada sim é uma confirmação da fé em Jesus e cada não vai nos desviar do caminho do bem.

Mas o que nos leva a dizer não quando devemos dizer sim? Fazer uma decisão nem sempre é fácil.  Primeiro, ao decidir, muitas vezes esquecemos as consequências da nossa decisão. Pensamos nos nossos interesses ou no nosso bem e esquecemos dos outros e o sofrimento que nossas ações podem provocar nos outros. Quando decidimos, fazemos uma opção que significa que temos de renunciar às outras, e isso gera sempre um sentimento de perda, especialmente quando a decisão pelo bem significa sacrifício na nossa parte. Toda decisão é um ato nosso e individual. Não se pode decidir pelos outros nem culpar os outros pelas nossas más ações. Se o outro faz o mal, nós julgamos que também podemos fazer o mal. Deve ser o contrário, quando alguém faz o mal, nós devemos praticar o bem.

São Paulo na sua carta nos diz: “Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Jesus Cristo. Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2, 5-8).  A decisão de Jesus era de viver o maior amor possível, isto é dar a vida por todos nós. O seu sim mudou o mundo e nos abriu a oportunidade também de viver o amor. A parábola de hoje nos ensina que nosso sim a Deus deve ser sincero, um sim que reflete em nossas ações e nos leva a sermos pessoas do bem. Podemos terminar rezando com o salmista: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação”.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email
Share on print