Neste domingo continuamos nossa reflexão sobre a vinha. Semana passada, lembramos o pedido do pai aos seus dois filhos para trabalhar na vinha. Um que disse sim e não foi, e o outro que disse não, mas foi. Esta semana na primeira leitura do profeta Isaias, escutamos o cântico da vinha e no evangelho a parábola dos vinhateiros que não entregaram a colheita ao proprietário.
Podemos dizer que nas duas leituras há muitas coisas em comum, mas fundamentalmente o que encontramos é a expectativa de produzir frutos e a decepção na hora da colheita. Na primeira leitura, Deus preparou a vinha com todos os cuidados, escolheu um terreno, limpou o terreno e plantou videiras da melhor qualidade esperando produzir uvas boas. Mas o que aconteceu foi o contrário, pois a vinha produziu uvas selvagens. O dono da vinha ficou tão decepcionado que mandou destruir a vinha e até não deixou que as nuvens derramassem chuva sobre ela. No fim da leitura, escutamos a explicação: “Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos da justiça – e eis a injustiça; esperava obras de bondade – e eis iniquidade” (Is 5, 7).
No evangelho, a história é quase igual. O dono da vinha preparou tudo e depois arrendou aos vinhateiros. Na hora da colheita ele mandou empregados para receber os frutos, mas os vinhateiros mataram os empregados. Finalmente, mandou seu próprio filho, mas também os vinhateiros o mataram. Deus, o dono da vinha, tinha muito amor pela vinha que é o próprio povo e mostrou este amor ao longo da história. Mandou os profetas para ensinar o caminho da justiça e esperava que o povo produzisse os frutos do amor, mandou seu próprio Filho para recuperar o sentido da fé e do compromisso com o Reino, mas nada disto aconteceu. No fim será entregue a vinha para outros trabalhadores que vão entregar os frutos no tempo certo.
Enquanto as duas parábolas falam do povo do passado, podemos muito bem aplicar as lições para nós que somos o povo de Deus hoje.
Somos a vinha que Deus preparou para produzir os frutos do Reino. Acreditamos em Jesus como Filho de Deus e temos a própria Palavra de Deus que nos orienta. A Igreja/comunidade é o terreno onde todos os cuidados são realizados e a Eucaristia é o adubo que nos faz produzir bons frutos. Então devemos perguntar: quais os frutos que produzimos: uvas selvagens ou uvas boas? Produzimos obras da bondade e os frutos da justiça, ou, nossas ações são de injustiças e maldades?
Para produzir os frutos da bondade devemos lembrar de duas coisas. Primeiro, é preciso acolher Jesus em nossas vidas. Acolher não é somente receber mas também aderir ao seu projeto de amor e perdão. Fazer a opção de seguir Jesus é também acolher o próprio projeto de Deus em nossa vida. Fazer o contrário, ou, não optar por Jesus, é também rejeitar a proposta de Deus.
Os homens e mulheres no tempo de Jesus eram zelosos nas práticas religiosas, no respeito do sábado e no cumprimento da lei, mas Deus não se queixou da falta disto. O que Deus quer é a bondade, o amor e a justiça. Isto preciso ser traduzido em ação no dia-a-dia das nossas vidas. As nossas práticas religiosas e as nossas devoções não devem ficar só nisto, mas devem nos levar a dar testemunho da fé pelos nossos gestos de amor, acolhimento, de compreensão e de misericórdia.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo