Um desejo fundamental de todos nós é a felicidade. Mas, o que é mesmo a felicidade? Com certeza, vamos responder que é o bem-estar, isto é, tudo que é relacionado à saúde, aos bons relacionamentos, aos bens materiais e a satisfação das necessidades básicas como moradia, alimentação, vestimenta e educação. Mas, há algo que também pode ser considerado como felicidade que é a gratidão. Há um ditado que diz: “não é a felicidade que nos torna agradecidos, mas é a gratidão que nos torna felizes”.
Os textos na liturgia de hoje nos convidam a refletir sobre a gratidão. Na primeira leitura, o Sírio Naamã, contraiu hanseníase e procurava a cura. Foi a Israel a procura de Eliseu que o mandou mergulhar no Rio Jordão sete vezes. Depois de curado, ele queria dar um presente a Eliseu, mas o profeta recusou porque reconheceu que quem agiu não foi ele e sim o próprio Deus. Naamã então pediu para levar sacas de terra que duas jumentos podiam carregar, para poder adorar, na Síria, o Deus de Eliseu sobre a terra de Israel. É um gesto de reconhecimento em sua vida da ação e da gratuidade de Deus. É este reconhecimento que leva à gratidão manifestada no ato de adorar e louvar ao único Deus, criador do céu e da terra. É o reconhecimento da ação de Deus que faz brotar o agradecimento.
No evangelho de hoje são 10 leprosos que vão ao encontro de Jesus. Com certeza, não eram felizes, não somente pela doença, mas também pelo fato que a doença era considerada como castigo de Deus e, por isso, eram impuros, marginalizados, e até excluídos da própria religião. Jesus manda ir ao Templo se apresentar aos sacerdotes, conforme a lei, e no caminho, são curados. Importante mostrar o episódio como um verdadeiro caminho da fé. A fé nasce do clamor: “Jesus tem compaixão de nós”, mas a fé se concretiza no caminho e na obediência à Palavra de Deus. Os leprosos foram curados no caminho, mas somente um, um Samaritano, volta para agradecer. Ele reconheceu a ação de Deus em sua vida e em vez de ir ao templo, volta, atira-se aos pés de Jesus e agradece. Jesus é o novo templo de Deus no mundo. A cura não somente aconteceu no caminho, mas também se manifestou plenamente no gesto da gratidão.
A grande lição das leituras é que nós precisamos alimentar sempre a atitude da gratidão em nossas vidas. Podemos perguntar: o que é preciso para alimentar a gratidão? Faz algum tempo que fui visitar seu Francisco, acamado, sem força para levantar-se e até para falar. Durante todo o tempo que rezávamos ele ficou distante e de costas para mim na cama. Mas na hora da despedido, a sua esposa Dona Maria disse: “Francisco o padre veio visitá-lo”. Uma palavra saiu da boca de Francisco: “obrigado”. Mesmo diante do sofrimento e a doença, ele reconheceu a importância da gratidão. Enfrentamos muitas situações de sofrimento, doença e até a morte de pessoas amadas, mas sempre devemos alimentar o espírito de gratidão.
E uma coisa importante para alimentar uma atitude de gratidão é dizer com frequência – obrigado. Nunca devemos partir do princípio de que os outros sabem que somos gratos, é preciso dizer obrigado. As pessoas precisam ouvir isto, pois o reconhecimento da gratidão é uma fonte de amizade e amor entre as pessoas.
Mas nossa gratidão não se expressa somente pelas palavras, é preciso também o respeito e consideração pelos outros. Pelo nosso jeito de ser, pelas atitudes de cortesia, generosidade e solidariedade manifestamos que somos pessoas agradecidas.
Finalmente, na família precisamos ser pessoas agradecidas. A gratidão nos ajuda a vencer magoas e transforma nossos relacionamentos mesmo quando enfrentamos abalos e dificuldades. A gratidão cura nossas feridas e transforma a vida.
A felicidade não nos torna pessoas agradecidas, mas a gratidão nos torna felizes. De fato, se nós queremos alcançar a felicidade, precisamos ser pessoas agradecidas. Que a liturgia de hoje nos ajuda a compreender a necessidade de gratidão como sinal da nossa fé e que, pela participação nesta Eucaristia que é ação de graças, manifestemos a nossa gratidão a Deus por tudo aquilo que Ele nos dá.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo