2º Domingo da Páscoa

“Quem não está em comunidade não vê o Senhor”. Hoje é o domingo da Divina Misericórdia e, ao contemplar o rosto misericordioso de Deus na pessoa de Jesus, celebramos nosso compromisso de fé em comunidade.

A primeira leitura do livro dos Atos é o retrato da primeira comunidade cristã que vivia a fé em Jesus ressuscitado. Nesta comunidade, os cristãos desde o início, entenderam que a Igreja é uma assembleia convocada pelo Senhor com um só objetivo de viver unidos: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4, 32). Existia a partilha dos bens, pois não havia necessitado entre eles e através de grandes sinais davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Eram perseverantes no ensino dos apóstolos e a catequese era fundamental para introduzir as pessoas na vivência da fé em comunhão. Davam grande testemunho pela vida e compromisso em comunidade e pelo seguimento do ensinamento de Jesus. Era uma comunidade de irmãos e irmãs, reunida ao redor de Cristo, animada pelo Espírito com a missão de testemunhar Jesus. Compreendiam que a comunidade é o lugar da vivência da fé e do testemunho.

No evangelho, os discípulos estavam reunidos de portas fechadas no domingo, o primeiro dia da semana. Este é o dia em que a comunidade se reúne para celebrar, para escutar a palavra proclamada e partilhar o pão, pois Jesus ressuscitou. Jesus apareceu no meio deles e desejou a paz. Ele venceu as portas trancadas e ofereceu a paz para aqueles que acreditam e querem seguir seu caminho. Depois, Jesus enviou os discípulos com a força do Espírito. É este Espírito que renova todas as coisas e dá a força na realização da missão de testemunhar Jesus e viver em comunidade. Pela vivência em comunidade, todos são convocados a receber o perdão dos pecados e a perdoar. Assim se manifesta a misericórdia de Deus e a comunidade, na escuta e na prática da Palavra, realiza grandes sinais da presença do Ressuscitado entre eles.

Este testemunho dos primeiros cristãos em comunidade é um grande exemplo para nossas comunidades hoje. É importante lembrar que a nova paróquia tem que ser uma comunidade de comunidades. É preciso reforçar as nossas pequenas comunidades onde vivemos o compromisso do batismo. Por isso, em comunidade devemos imitar as primeiras comunidades, pois o ideal descrito por São Lucas nos Atos quer recordar o que é essencial no compromisso comunitário e para a vivência da fé.

Para imitar os primeiros cristãos, uma primeira coisa essencial é a catequese de inspiração catecumenal. É esta catequese que nos leva a viver a fé cristã nos cinco passos: encontro com Jesus, a conversão, o discipulado, a comunhão fraterna e a missão.

Uma segunda coisa é a partilha dos bens. É através de ações concretas de solidariedade e compaixão que podemos manifestar nosso compromisso comunitário em favor dos menos favorecidos. Celebrar o domingo da Misericórdia Divina é também praticar os atos de misericórdia como sinal da presença de Cristo ressuscitado entre nós. Aqui podemos lembrar que a opção pelo dízimo é uma ação que nos faz lembrar da primeira comunidade cristã como “a multidão de fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4,32).

Num mundo de violência, guerra, intolerância e ódio, precisamos também dar testemunho do Cristo ressuscitado através do perdão e pela vivência da paz. Ainda não podemos esquecer da importância da celebração da Eucaristia. No primeiro dia da semana, os cristãos recordavam a ressurreição e se reuniam para recordar os mistérios da fé pela partilha do pão e pela escuta da Palavra.

As portas estavam fechadas e São Tomé não estava presente, assim não viu Jesus e não acreditou. Faltou a ação da comunidade e por isso não acreditou. Se nós não participamos na comunidade não vamos ter o encontro com Jesus e com os irmãos, não vamos acreditar. Acreditar não é só dizer, mas manifestar a fé pela vida e pelo testemunho. Queremos sair da sala de portas trancadas, pois Jesus nos diz: “Não seja incrédulo, mas fiel… felizes os que creem sem ter visto”. Quem não vive em comunidade não vê o Senhor!

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

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