No passado a vida era mais simples, mas hoje em dia parece que tudo ficou mais complicada e todos os dias enfrentamos opções diferentes. Cada vez mais estamos diante de encruzilhadas onde torna-se necessário escolher um caminho. Podemos dizer que decidir é uma das coisas que mais ocupa nosso tempo e, ao mesmo tempo, fazer uma decisão é normalmente causa de grande ansiedade. Não há dia que passa sem precisar tomar uma decisão ou fazer uma opção. É claro que na maioria das vezes fazemos escolhas simples, como a cor da roupa que vamos vestir ou que nós vamos almoçar. São escolhas fáceis para fazer e pensamos que nem são decisões, mas são. O fato é que toda escolha requer uma renúncia. Decidir implica perdas, e é o medo de renunciar às demais opções que normalmente nos perturba e cria ansiedade. Enquanto não escolhemos, todas as possibilidades ficam à nossa disposição, mas também sem decidir significa que não podemos usar nenhuma das opções. Fazer uma opção pode nos deixar angustiados porque temos medo de escolher errado e perder uma das opções na nossa frente. Ao mesmo tempo, podemos dizer que as decisões que fazemos todos os dias vão se tornando nossos hábitos. O que pensamos ou fazemos hoje é o resultado das decisões que fizemos ontem.
O fato que hoje somos cristãos, na maioria das vezes, foi uma decisão dos outros. Foram os nossos pais e padrinhos que decidiram nos levar à igreja para sermos batizados. Conscientes ou inconscientes, escolheram um caminho para nós: colocar Jesus e a sua palavra na nossa frente como aquele que orienta nossas decisões.
Na Bíblia a palavra “caminho” tem muito sentido. O profeta Isaías nos orienta: “Grita uma voz: Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus” (Is 40, 3). É o próprio Deus chamando o povo a retornar o caminho da vida. Este mesmo povo tinha perdido o caminho quando foi exilado e levado para a Babilônia onde viveu na escravidão. A partir do anúncio do profeta, este caminho será preparado, nivelado, endireitado. É Deus que vai reconduzir este povo para o caminho da vida.
João Batista, o último profeta do Primeiro Testamento, anuncia sua missão: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas” (Mc 1, 2-3). Ele aponta para a pessoa de Jesus, pois é Ele que vem mostrar o caminho da vida, e, pelo batismo com o Espírito Santo, que o povo será conduzido para o caminho de Deus.
São Pedro na sua carta nos diz: “O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Ele está usando de paciência para conosco. Pois não deseja que alguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham, a converter-se. O dia do Senhor chegará como um ladrão” (2Pd 3, 9-10). Nós como cristãos precisamos escolher o caminho para apressar este dia, que é o empenho numa vida santa, pura e sem mancha. Tomar esta decisão significa nos converter e esperar novos céus e nova terra, onde habitará a justiça.
Viver em comunidade é o caminho do cristão. Pela vida em fraternidade, experimentamos o sentido de sermos irmãos e irmãs. Pela vida de partilha acordamos para as necessidades dos outros. Saímos do egoísmo e individualismo para vivermos o ensinamento de Jesus. Pela escuta da palavra, diante da realidade do dia a dia, somos desafiados a escolher o caminho de Deus. Pela Eucaristia, na partilha do pão, Jesus se faz presente como caminho, verdade e vida.
A decisão de ser batizado não foi nossa, mas optar pelo caminho de Jesus é decisão nossa e, para seguir o caminho de Jesus, é preciso fazer esta decisão todos os dias. Decidir por seguir Jesus implica em renúncias, mas ao mesmo tempo, nos garante a vivência do amor, da reconciliação, da paz e da justiça entre nós. São estas decisões que vão nos livrar da ansiedade e vão nos trazer a certeza da felicidade. Neste Advento somos colocados diante do caminho de Deus para fazer as decisões certas no seguimento de Jesus. Preparar nossa vida e o nosso coração para a vinda de Jesus é escolher seu caminho de amor todos os dias.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home.
A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo