30º Domingo do Tempo Comum

“Coragem, levante-te, Jesus te chama” (Mc 10, 49). No evangelho de hoje, Jesus estava saindo de Jericó e no caminho para Jerusalém, quando aconteceu a cura do Bartimeu. Ele era cego e mendigo e estava sentado à beira do caminho, pedindo esmola. O fato de estar na beira do caminho já mostra sua situação de excluído, pois, por ser cego, só restava para ele pedir esmola para sobreviver. Excluído também pela religião por ser considerado impuro e pecador, doente e amaldiçoado. A sua posição à margem do caminho refletia a sua vida à margem de tudo.

Bartimeu não conhecia Jesus, mas certamente ouviu falar que Jesus curava as pessoas e ensinava com autoridade. Ao saber que era Jesus que ia passando, ele gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim” (Mc 10, 47). Seu grito era de esperança, não somente pela possibilidade da cura, mas também pela esperança de sair da beira do caminho e encontrar o novo caminho de libertação e vida. Muitos repreendiam, mas ele gritava ainda mais, pois não podia se calar diante de uma sociedade que marginalizava e excluía os pobres, os aleijados e os cegos. Apesar do fato de não conhecer Jesus, o grito de Bartimeu, mesmo diante da insistência de muitos que queriam que se calasse, representava o desejo do novo, da libertação, de enxergar para sair da margem do caminho para ser pessoa novamente.

Diante do chamado de Jesus, Bartimeu jogou o manto, gesto que é sinal de jogar fora o velho para vestir o novo, sair da beira do caminho e da exclusão para ganhar de volta a sua vida e a sua dignidade. Jesus, então, perguntou: “O que queres que eu te faça?” e ele respondeu: “Mestre que eu veja” (Mc 10, 51). Jesus curou o cego: “Vai, a tua fé te curou”, e Bartimeu não somente recuperou a vista, mas ele saiu da beira do caminho e no mesmo instante seguiu Jesus pelo caminho.  Aí estava a grande lição do Evangelho, Bartimeu não simplesmente recuperou a vista, mas seguiu Jesus pelo caminho, não estava mais à margem, viveu vida nova. E o caminho de Jesus é justamente o caminho até Jerusalém onde enfrentou sua paixão, morte e ressurreição.

Podemos dizer que foi a mesma esperança do povo que vivia no exílio e longe da própria terra, quando o profeta Jeremias fez a sua profecia: “Exultai de alegria por Jacó, aclamai a primeira das nações; tocai, cantai e dizei: `Salve, Senhor, teu povo, o resto de Israel´. Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra: entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam” (Jr 31, 7-18). É justamente os mais marginalizados que vão renovar sua esperança e fé no Deus da vida que promete salvação e libertação a todos que acreditam.

O episódio da cura de Bartimeu é o caminho de todo aquele que quer ser discípulo de Jesus. Cegos, somos incapazes de enxergar o caminho de Jesus, especialmente pelo fato que somos cercados por um mundo de violência, injustiça, ódio e vingança onde as pessoas interesseiras buscam somente o seu caminho do egoísmo e da ganância. Bartimeu não somente gritou, mas no momento que Jesus o chamou, ele deu um pulo, jogou o manto e se aproximou de Jesus. Este ato era uma profissão de fé que possibilitou sua cura e transformou a vida de Bartimeu.

Para os primeiros cristãos, “o Caminho”, significava ser batizado e, portanto, discípulo de Jesus. Para ser discípulo é preciso o encontro com Jesus que é capaz de abrir nossos olhos e curar nossas cegueiras. O pedido de Bartimeu para enxergar novamente deve ser também nosso pedido, para que os nossos olhos enxerguem a realidade, as necessidades e os desafios que enfrentamos na vida diária. Podemos dizer que Jesus continua a abrir nossos olhos para que, pela fé e iluminados pelo Espírito Santo, possamos também seguir este mesmo Jesus pelo caminho.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

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