Todos nós gostamos de ser elogiados, pois quando somos elogiados sentimos bem, pensamos que tudo que fazemos está certo, alcançamos o sucesso e assim e os outros reconhecem este sucesso. Interessante notar que existe uma indústria de elogios. Há pessoas que colocam placas na rua justamente para elogiar alguém, outras fazem longos discursos justamente para elogiar as pessoas: um político, um artista ou até um padre. As vezes os elogios são feitos não porque correspondem a verdade, mas para fazer a pessoa elogiada sentir bem ou para a pessoa que elogia ganhar uma vantagem. Com certeza, todos nós precisamos de elogios, palavras de incentivo e de reconhecimento de algum bem que fazemos. Ao mesmo tempo os elogios podem ser perigosos. Quando escutamos só elogios podemos pensar que nunca erramos, ou não temos defeitos ou pior, não precisamos melhorar em nada, nos tornamos autossuficientes. Por isso, mesmo que não gostamos, é importante escutar críticas. Não críticas destrutivas, mas críticas que podem nos ajudar a crescer. Uma crítica nos ajuda a cair em si, reconhecer um erro ou defeito e assim pode ser um caminho para mudar e melhorar, pois todos nós podemos melhorar no nosso próprio comportamento e no relacionamento com as pessoas. Mas para isto, precisamos de uma atitude fundamental – a humildade.
No evangelho, aparecem dois personagens, o fariseu e o publicano. O fariseu era o separado, pois a sua justiça era cumprir a lei em todo seu rigor, não ser como os ladrões desonestos e como o cobrador de impostos, mas jejuar, pagar o dízimo e observar o Sábado. Ele usava da religião para convencer a si mesmo e os outros da sua própria justiça. Fazendo elogios a si mesmo ele já teria uma vantagem na negociação com Deus. Por outro lado, o publicano, era um pecador que batia no peito pedindo perdão. Ele reza de coração contrito, se reconhece pecador fazendo uma autocritica, confia na misericórdia de Deus e volta para casa justificado. Assim na sua humildade, reconhece a necessidade de conversão e mudança em sua vida.
Enquanto isso, na primeira leitura, escutamos: “A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo não intervenha, faça justiça aos justos e execute o julgamento” (Eclo 13, 21-22). Além disto, Deus não faz discriminação entre as pessoas e escuta especialmente as súplicas dos oprimidos e pobres, pois são eles que servem a Deus.
Portanto, Deus se revela como Aquele que escuta o oprimido e justifica quem pede perdão. Pedir perdão das nossas fraquezas significa que sejamos humildes e que precisamos cultivar algumas atitudes fundamentais. Primeiro, aproximar-se de Deus significa abandonar nosso egoísmo para encontrar o rosto de Deus no perdão e no amor, ter a capacidade de fazer autocríticas e escutar os outros que falam dos nossos defeitos. Deus não é um comerciante que vende o céu em troca de nossos ritos religiosos, ele quer um coração humilhado que decide a fazer a sua vontade.
Diante disto, nossa opção de cristãos é ficar do lado dos que sofrem como rezamos no salmo: “Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido” (Sl 33, 19). Esta opção nos leva a reconhecer nossos pecados com humildade e, ao mesmo tempo, revela um Deus que quer a vida e enviou o seu Filho que se entregou por amor à humanidade.
São Paulo também nos ensina que nossa religião não é uma religião da Lei, mas da liberdade. Então nossa missão não é ser como o fariseu que se achava justificado pelos seus atos, mas estar abertos para a ação do Espírito Santo que nos leva a praticar os valores da fé.
Em outras palavras, mesmo que nós gostemos de elogios, devemos sempre estar atentos para as críticas, pois são elas que nos colocam com humildade diante de Deus para pedir a sua misericórdia e começar o caminho de conversão e mudança de vida. São Paulo era um grande missionário que no fim da sua vida disse: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4, 6). São Paulo reconheceu as suas atribuições diante de Deus, mas ao mesmo tempo, lembrou que é preciso sempre a conversão, pois o cristão é aquele que combate sempre o bom combate, completa a corrida e guarda a fé, pela sua contrição e humildade no reconhecimento da sua condição de indignidade, pequenez e fragilidade diante de Deus.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo