Todos nós conhecemos as palavras de Jesus: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Jesus falava que existem valores além das riquezas que devem ser prioridades para o cristão. Mas, há outros ditados que falam sobre o que é um tesouro: “A gratidão é o único tesouro dos humildes”; “O povo é o tesouro de seu país”; “A riqueza não está na posse de tesouros, mas no uso que deles se faz”; Tesouro guardado é tesouro perdido”. Cada ditado expressa uma ideia diferente sobre o que é um tesouro, mas normalmente pensamos que um tesouro é um conjunto de riquezas de qualquer tipo, dinheiro, joias, pedras e metais preciosos ou algum bem valioso guardado ou escondido. Mas um tesouro pode ser muito diferente que simplesmente riqueza ou dinheiro, pode ser um dom precioso que temos.
Podemos dizer que um dos tesouros mais preciosos que temos é a nossa fé. Acreditar em Deus é um grande dom que nos faz viver com amor e solidariedade. É preciso sempre guardar este tesouro que significa animar a fé, confessar, purificar e confirmar aquilo que acreditamos.
No evangelho de hoje, temos algo bastante interessante sobre a vivência da fé. A viúva está diante do tesouro do templo. O tesouro do Templo era símbolo de sacrifício e generosidade e as pessoas eram encorajadas a dar de coração, como um reflexo de sua fé e confiança em Deus. As doações também simbolizavam a dedicação pessoal e a disposição de colocar Deus em primeiro lugar em suas vidas.
Por isso, várias pessoas estavam depositando muito dinheiro, mas a viúva colocou somente uma moedinha, muito pouco em comparação com os outros. Para muitos parecia uma falta de generosidade e de fé, mas Jesus observava e disse: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereciam esmolas. Todos deram do que tinha de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo que possuía para viver” (Mc 12, 43-44). Dando tudo que tinha, a viúva professou concretamente a sua fé e sua entrega total a Deus. Não basta dar um supérfluo a Deus, Ele não quer de nós muito mais, Ele nos quer.
Foi também o que expressou a viúva de Sarepta diante do pedido de Elias. Ela era viúva e só tinha um pouco para viver com seu filho e Elias pediu até o pouco que ela tinha. Ela não hesitou, mas se colocou a dar tudo que tinha. Ela confiou na providência de Deus e a partir daquele momento, não faltava mais a farinha na vasilha e nem o óleo na jarra.
Qual é o nosso tesouro? Devemos sempre lembrar as palavras de Jesus quando nos diz que onde está o teu tesouro está também o teu coração. Nossas próprias preocupações e interesses nos impedem de lembrar que o tesouro verdadeiro que temos é a nossa fé. Podemos também dizer que a Igreja tem um grande tesouro: a sua missão de evangelizar. Não somente confessar a fé, mas também transmitir os valores do Reino que é um tesouro de valor incalculável para cada um de nós e para o mundo. Como o tesouro no campo na parábola de Jesus, precisamos ter a capacidade de nos doar como as viúvas nas leituras de hoje para possuí-lo. O que podemos fazer para conseguir este tesouro da Igreja e valorizar cada vez mais o tesouro da fé que temos?
É preciso ter a generosidade do coração. A viúva não deu das suas sobras, mas de sua própria necessidade. A verdadeira generosidade não é medida pelo montante oferecido, mas pelo coração com que é dado. Deus olha para o coração e valoriza a intenção por trás da ação, mais do que a quantidade material. Necessário também é a confiança total em Deus. Ao dar tudo o que tinha, a viúva demonstrou uma fé inabalável e uma confiança completa na providência de Deus. A viúva também mostrou humildade e desprendimento. Ela não fez alarde de sua doação, mas agiu com humildade e discrição. Em um mundo onde muitas vezes somos incentivados a buscar reconhecimento e aplausos, sua ação silenciosa é um exemplo de desprendimento e humildade. Finalmente, o ato da viúva mostrou o valor do sacrifício. Quando damos de nós mesmos, seja em tempo, talentos ou recursos, estamos participando do amor sacrificial de Cristo.
Que possamos, como a viúva, oferecer a Deus tudo o que temos e somos, com fé e amor, sabendo que Ele vê e valoriza cada oferta sincera, não importa quão pequena possa parecer. Que nosso tesouro da fé não seja escondido, mas nossas vidas sejam um testemunho vivo de generosidade e solidariedade, refletindo o amor de Cristo em tudo o que fazemos.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM