No Evangelho de hoje, Jesus mais uma vez nos ensina através de uma parábola, é a parábola dos talentos. A história conta de um patrão que, antes de viajar, entregou seus bens representados pelos talentos, aos seus empregados. A um ele deu 5 talentos, ao outro 2 talentos e ao outro 1 talento, de acordo com a capacidade de cada um. Quando o patrão voltou, o primeiro prestou contas e devolveu mais cinco talentos e foi elogiado: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria” (Mt 25, 21). O segundo empregado devolveu mais dois talentos e o patão elogiou do mesmo jeito. Mas o terceiro ficou com medo, enterrou os talentos e não fez nada. Este foi condenado: “Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e ceifo onde não semeei? Então, devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence” (Mt 25, 26).
No primeiro momento podemos pensar que a parábola é contada para defender o lucro e o acúmulo de bens, mas não é isto o sentido, é para corrigir atitudes de egoísmo e encorajar a prática do amor e da justiça. Então a parábola precisa de uma explicação maior.
O patrão representa o próprio Jesus que nos confia seus bens que são os valores do Reino, assim como os discípulos precisamos usar estes talentos em favor do Reino. Não importa se conseguimos multiplicar 5 ou 2 talentos, pois para quem se dedica a resposta de Jesus sempre é a mesma e não há discriminação, é considerado como o servo bom e fiel.
Em outras palavras Deus arrisca tudo para confiar a nós os valores do Reino. O empregado que não fez nada é aquele que fica acomodado diante da missão, não arrisca nada para implantar o Reino. Há, entanto, uma só exigência: quem arrisca tudo por causa do Reino deve ter 2 atitudes que são as mesmas de Jesus:
Alteridade que é fazer boas ações em benefício do outro e a gratuidade que não espera nada de volta. Duas atitudes essenciais também para nossa vida em comunidade.
Aquele que vive a fé na comunidade é capaz de arrisca e colocar os seus dons a serviço do Reino. Na alteridade, o cristão pensa no outro e não tem medo de viver a partilha vencendo o egoísmo. A alteridade é a capacidade de se colocar no lugar do outro, vivendo a compaixão especialmente por aqueles que sofrem. Foi este o amor de Jesus quando deu a vida na cruz e nos salvou pelo seu sangue derramado.
Viver a gratuidade é reconhecer os dons recebidos e valorizar a presença de Deus em nossa vida. Por isso, o fruto da gratuidade é a generosidade e quem é generoso reconhece a sua responsabilidade com a comunidade, com a missão da Igreja e com os necessitados sem esperar nada de retorno.
Hoje, é o dia dos pobres. O Papa Francisco, inspirado no ano santo da misericórdia, instituiu este dia dos pobres no penúltimo domingo do ano litúrgico. Ele lembra em sua carta apostólica, que o amor de Jesus não pode ficar sem resposta e esta resposta é colocar a serviço dos outros nossos dons e talentos. Viver isso é também colocar em prática a partilha com os mais necessitados.
Interessante notar a primeira leitura que fala da mulher ideal que trabalha e assume todas as suas responsabilidades, inclusive abre as mãos ao necessitado e ao pobre. É uma alegoria, significa que não é uma mulher em particular, mas é a própria sabedoria, a sabedoria que ensina o caminho daquele que tem fé e o temor a Deus. É este temor a Deus que nos leva a viver a alteridade e a gratuidade.
Que nós também possamos ter a força do Espírito e a sabedoria para abrir as mãos e viver a partilha dos nossos dons para o bem dos outros, especialmente os mais necessitados, pois assim que manifestamos que somos cristãos comprometidos com o Reino do Pai. É esse compromisso que nos leva a imitar Jesus na alteridade e na gratuidade.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home.
A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo