3º Domingo do Advento

Celebramos o terceiro domingo do Advento, o domingo da alegria, e a tônica da celebração é justamente a nossa alegria porque a vinda do Salvador está próxima. Jesus está chegando e também o advento do seu Reino, e por isso a alegria cristã. Mas, o que seria o verdadeiro sentido da alegria?

Para nós como seres humanos, pensamos que a alegria é a ausência da dor e do sofrimento. Queremos sentir a paz, aliviados e a tranquilidade diante da vida. Reduzimos a alegria para aquilo que sentimos no momento, ao nosso estado emocional e aos sentimentos momentâneos. Muitas vezes, nossa preocupação maior é alcançar a alegria e nada mais. Ao mesmo tempo, podemos reduzir a fé ao sentimento, e quando fazemos isso, a vivência da fé torna-se simplesmente à procura da própria satisfação do momento.

A liturgia de hoje nos ensina qual o verdadeiro sentido da alegria cristã e da vivência da fé cristã. Na primeira leitura podemos ver como o povo de Israel reconheceu que Deus está presente no meio deles como valente guerreiro que salva. É este Deus que não deixa desanimar, pois propõe uma novidade que é conseguir a verdadeira liberdade e construir o Reino. Por isso, é preciso exultar de alegria, pois é justamente esta esperança que leva o povo a festejar. Deus propõe a salvação, razão de alegria para o povo.

No mesmo sentido, o povo ia à procura de João no deserto. Este povo desejava algo novo que era a alegria de encontrar o verdadeiro Deus que levava este mesmo povo, através do deserto, à terra prometida. É a partir deste desejo que o povo perguntou: “o que devemos fazer?”.

Ao responder esta pergunta, é preciso notar quem faz a pergunta e qual a resposta. Primeiro, quem pergunta é a multidão. A maioria do povo era pobre e provavelmente só possuía uma túnica. Para este povo, João disse: “Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo” (Lc 3, 11). Em outras palavras, para as poucas pessoas que possuíam mais, isto é, duas túnicas, era necessário dividir. É a partilha que provoca a mudança nas pessoas, cria uma novidade que é justamente a alegria da partilha.

Segundo os cobradores de impostos, que eram odiados, pois como instrumentos nas mãos do Império Romano, exploravam o povo e tiravam até o último centavo. A novidade de João Batista: “Não cobreis mais do que foi estabelecido” (Lc 3,13).  A mensagem é clara, não praticar mais a injustiça e não cobrar além do estabelecido. Com certeza, esta mudança de prática traz uma grande alegria, pois estabelece a justiça e a igualdade.

Terceiro, os soldados que eram corruptos e abusavam do poder para tirar vantagem. Para eles, João disse: “Não tomeis a força dinheiro de ninguém nem façais acusações falsas” (Lc 3, 14). É preciso acabar com os abusos e a corrupção e não usar a violência. É a grande novidade do respeito pela dignidade da pessoa, da não violência e da justiça que traz a alegria.

Como a “não violência” é importante no mundo de hoje. Testemunhamos todos os dias atos de violência, terrorismo, guerras e brigas pelo poder. É a loucura da violência e é somente uma sociedade não violenta que pode trazer a verdadeira alegria da paz e da justiça.

Mas João não somente fala em que consiste a alegria: a partilha, a justiça, não violência e o respeito, mas aponta para a grande novidade que é Jesus. É ele que limpará a eira e batizará com o Espírito Santo. É esta novidade de Jesus que provoca no crente a alegria, pois ele está próximo e é Ele que vai promover a verdadeira alegria, anunciando o Reino do Pai.

Não é a alegria de um sentimento ou simplesmente da tranquilidade, mas a alegria de sentir que é Jesus que vem trazer a salvação, salvação que é o cumprimento das promessas de Deus e promessas realizadas na vivência dos valores do Reino. É justamente isto que São Paulo compreendeu na sua carta aos Filipenses: “…Apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. É a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, que guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus” (Fl 4, 6-7).

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email
Share on print