3º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos

A primeira leitura na liturgia de hoje do profeta Isaías é a mesma que nós escutamos na noite de Natal: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9, 1). Para o profeta, os que andava na escuridão e habitava nas sombras da morte eram o povo da terra de Zabulon e Nefatli, na região da Galiléia. Era um lugar de escravidão, pois esta região ficava na margem da terra de Israel e era sob constante ameaça de invasões dos povos pagãos que traziam a influência de costumes e práticas contrárias ao povo de Israel.

Como na noite de Natal, interpretamos esta grande luz como Jesus e São Mateus nos diz que Jesus cumpriu esta profecia quando iniciou seu ministério na desprezada Galileia anunciando a vinda do Reino: “Convertei-vos porque o Reino está próximo” (Mt 4, 17). Para o evangelista é de suma importância que Jesus inicia sua missão nesta terra de exploração.

Em primeiro lugar, significa que o lugar onde Jesus começa a sua pregação não é entre os poderosos, mas entre aqueles que mais desejavam ver a luz e esperavam nova vida com a vinda do Messias. Também, Jesus e o Reino são inseparáveis, viver na luz de Jesus é habitar na luz do Reino. O reino de Deus é o desejo de todos para vencer as trevas e as sombras da morte para viver na paz e na justiça, que são valores deste Reino.

Ao mesmo tempo, é deste lugar que Jesus chama os apóstolos com duas finalidades: primeiro, ficar com Jesus e formar um grupo e comunidade de seguidores; segundo, a partir deste grupo, continuar a missão de anunciar o Reino e viver os valores deste Reino. Para isto é preciso deixar todo comodismo e egoísmo como os primeiros apóstolos: “Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram” (Mt 4, 22).  O seguimento de Jesus tem suas exigências e precisa de pessoas disponíveis para assumir a missão e pregar o Evangelho do Reino, curando todo tipo de doença e enfermidade.

A partir deste entendimento, é que podemos tirar uma lição para nossa vida cristã. É na vivência do compromisso comunitário que podemos ver esta grande luz, mas na comunidade é preciso viver a união e superar qualquer divisão. Foi esta a lição que escutamos na carta de São Paulo quando ele nos fala que a divisão acontece quando o Cristo crucificado e ressuscitado, o único que deu a vida para nos salvar, deixa de ser o centro da vida comunitária.  Por isso, São Paulo chama atenção da comunidade de Corinto: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar” (1Cor 1, 10).

Jesus então é a luz que nos ilumina das trevas do nosso egoísmo e comodismo e nos convoca a viver unidos como discípulos e discípulas. É Jesus que também nos chama a viver em comunidade para manifestar a união do povo de Deus onde o Reino se manifesta. É na comunidade que queremos brilhar para as outras pessoas como missionários do Reino, vencendo as trevas e as sombras da morte. Como os primeiros apóstolos, todos nós somos chamados por Jesus para ficar com Ele, viver o nosso compromisso em comunidade, anunciar o Reino e viver os valores deste Reino, pois “o povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitava nas sombras da morte, uma luz resplandeceu”.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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