Todos nós temos experiências de vida. Uma experiência é uma prática ou acontecimento que nos ensina. Pelas experiências que acumulamos ao longo da vida, conhecemos as pessoas e as coisas e alcançamos mais sabedoria. Uma experiência pode ser boa ou ruim, pode nos fazer alegres ou fazer sofrer. Mas sempre que experimentamos algo na vida, é uma oportunidade de crescer, mesmo sendo uma experiência ruim.
Os discípulos experimentaram uma vida nova guiados por Jesus. E esta experiência com Jesus era também a experiência do bom pastor. Experiência que fez crescer na fé. Hoje, no evangelho, Jesus nos fala: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (J 10, 11). Esta imagem das ovelhas e o bom pastor é muito importante para aprender o sentido da fé e a compreender o que significa ter uma experiência com Jesus.
Primeiro, o pastor conhece cada ovelha e chama pelo nome, elas conhecem o pastor e Ele conduz para o curral. As ovelhas não somente escutam a voz do pastor, mas também seguem seu caminho e Ele dá a vida por elas. A experiência leva ao conhecimento e o conhecimento não é teórico, mas presencial. Ao contrário, o mercenário trabalha pelo dinheiro, foge diante do perigo e não se importa com as ovelhas. Jesus dá a vida, Ele se torna o exemplo para os seus seguidores, ou em outras palavras é a pedra angular, e “em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4, 12).
Este testemunho dado por São Pedro, no livro dos Atos, mostra que a prática de Jesus se prolonga nos seus discípulos. São eles os responsáveis de ser o bom pastor ontem e hoje para garantir a vida do rebanho. Esta imagem do bom pastor nos ensina sobre nossa experiência de cristãos e sobre nossa missão de levar esta mesma experiência de vida aos outros.
Este ensinamento começa quando reconhecemos que Jesus dá a vida por nós. É o sacrifício da própria vida para nos conduzir às pastagens de vida e vida em abundância. O cuidado manifestado por Jesus deve ser correspondido pela escuta da sua voz. Em outras palavras, é preciso ter uma experiência do bom pastor em nossas vidas pelo seguimento do ensinamento de Jesus, experiência que se dá na comunidade.
Com certeza, escutar a voz de Jesus significa formar um só rebanho e nos unir para agirmos juntos na construção do Reino. Ao mesmo tempo, nossa fé em Jesus nos ajuda a reconhecer que devemos imitar o Bom Pastor. A vocação cristã é lutar pela vida, pois a fé passa pelo sacrifício e é assim que formamos um só rebanho. Jesus é a pedra angular, rejeitada pelos construtores, mas para Deus é a base da fé. É esta experiência de fé que se torna o fundamento para vivermos como um só rebanho na prática da fraternidade e solidariedade.
Este domingo do Bom Pastor é também o domingo de oração pelas vocações. Podemos citar o exemplo de tantos religiosos e religiosas que foram chamados a imitar o exemplo do Bom Pastor na vasta região da Amazônia. Ao celebrar a Semana dos Povos Indígenas citamos a presença franciscana na Missão São Francisco do Rio Cururu. Nos alegramos com jovens do Povo Munduruku que estão fazendo a experiência de vida fraterna e que estão na escuta da voz do Bom Pastor. A vocação é o dom do amor de Deus em nossas vidas e, com uma grande abertura ao amor de Deus, queremos lembrar que o fruto deste amor é justamente o nascimento e crescimento de todas as vocações.
Não podemos esquecer da vocação de tantas pessoas, homens e mulheres, que se dedicam nas nossas comunidades no trabalho de evangelizar. São as lideranças, catequistas e animadores de comunidade que fazem a experiência do Bom Pastor e dão continuidade de transmitir estas experiência e de levar a mensagem da Palavra de Deus a todas as pessoas. Somos filhos e filhas de Deus, que possamos escutar a voz de Jesus para experimentar a presença do Bom Pastor em nosso meio para formarmos um só rebanho.
Por: Frei Gregório Joeridght, OFM