5° Domingo do Tempo Pascal – Ano C

Imagem: Frei Andrei dos Anjos

Era uma noite dramática! Jesus estava reunido com seus discípulos na última ceia no cenáculo. Judas acabou de sair para trair Jesus, depois de Jesus ter mostrado o grande dom de serviço através do lava-pés. Os discípulos estavam confusos e com medo e perguntava entre si: o que seria o significado de tudo isto. Estava claro que Jesus seria condenado e que a sua hora estava chegando, isto é, da sua entrega total e sua morte na cruz. É justamente nesta hora de violência, sofrimento e morte que Jesus fala que o Pai será glorificado e Ele dá um novo mandamento: “Eu vos dou um novo mandamento, amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). Este novo mandamento somente pode ser entendido a partir da hora de Jesus, pois depois ele vai dizer: “Não há maior amor que dar a vida pelo amigo” (Jo 15, 13). É a partir desta hora dramática que podemos compreender que a própria vida de Jesus é o amor e o amor é a identidade do cristão. É pela vivencia do amor que nós nos identificamos como cristãos no mundo.

De fato, a proposta cristã resume-se no amor. O amor é o distintivo, que nos identifica; quem não vive o amor, não faz parte da comunidade, não vive a fé em Jesus: “Todos conhecerão que são meus discípulos se tiver o amor uns aos outros” (Jo 13, 35).  O amor mútuo é o resumo de toda a Lei da Nova Aliança, é o estatuto que fundamenta a comunidade cristã e podemos dizer que as pessoas descobrem a presença de Deus no mundo através de gestos, sinais e ações de amor.

Ao mesmo tempo, o amor é um mandamento novo. Não é apenas um conselho ou convite, mas essencial para viver a fé e seguir Jesus como seus discípulos. É um mandamento novo, pois é preciso amar o próximo como a si mesmo na maneira que Jesus nos amou. Esta é a novidade: “Como Eu vos amei…” E o grande sinal do amor de Jesus ao mundo foi justamente a sua entrega e a doação total até da própria vida.

E é neste amor que nós como cristãos podemos ser uma grande novidade para o mundo. Enquanto no mundo de hoje tem muitos avanços tecnológicos, mais conhecimentos sobre a pessoa humana, mais entendimento científico da natureza e da vida, ainda falta algo fundamental, o amor. Guerras, violências, discriminação de raças, ódio entre as nações, corrupção, destruição da natureza e da própria vida marcam os dias de hoje.  Diante de tudo isto, nós cristãos somos desafiados a sermos verdadeiros sinais do amor às pessoas e ao mundo e assim viver nossa identidade cristã. Então, a Palavra de Deus nos questiona: como viver o amor verdadeiro hoje?

Primeiro, é pelo serviço que nós manifestamos o amor um pelo outro. Serviço que não visa o interesse próprio, mas o desejo de ajudar o outro. Por isso tão importante viver em comunidade. A comunidade cristã é o lugar do amor. Foi por isso que os discípulos eram capazes de enfrentar todo tipo de sofrimento para anunciar a Palavra e exortar a comunidade para ficar firme na fé. Na primeira leitura, escutamos como Paulo e Barnabé designaram presbíteros que tinham a tarefa de servir a comunidade e, por meio do serviço, manifestar a presença de Jesus ressuscitado no meio deles. No serviço eles viviam o amor.

O amor também se manifesta no ideal que queremos alcançar. A segunda leitura mostra o rosto final dessa comunidade de pessoas chamadas a viver no amor. O autor do livro de Apocalipse sonha com um “novo céu e uma nova terra”. Deus veio morar conosco. Cabe à comunidade cristã transformar o mundo em que vivemos em nova Jerusalém. A comunidade cristã deve ser um anúncio do Reino onde o mar do mal não existe, mas onde todas as lagrimas serão enxugadas e o Deus do amor vai fixar a sua morada.

Falar do amor é falar da nossa identidade cristã. Lembrar que nós todos precisamos ser sinais do amor de Deus a todas as pessoas pelos nossos pensamentos, gestos e ações. O encontro com Jesus que doou a sua vida, é o que deve nos levar a compreender o verdadeiro sentido do amor. Francisco de Assis compreendeu isto quando disse: “É isto que desejo, é isto que quero, é isto que procura de todo coração”. O desejo de Francisco era seguir Jesus e viver o evangelho e foi por isso que ele compreendeu o sentido do amor e expressou este sentido na sua oração: “Senhor fazei de mim um instrumento de paz”. Se formos instrumentos de paz e amor, seremos sinais da presença de Jesus entre nós que foi glorificado pelo Pai pela sua doação na cruz.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

 

Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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