5º Domingo da Páscoa

Neste quinto domingo da Páscoa, podemos resumir a nossa reflexão sobre as leituras da liturgia com três palavras: credencial, ousadia e verdadeiro.

A palavra credencial significa algo que nos dá crédito ou confiança. Pela confiança que alguém deposita em nós, somos credenciados a entrar em algum lugar ou realizar alguma tarefa. Na primeira leitura, São Paulo foi apresentado à comunidade de Jerusalém que, no primeiro momento, ficou com medo “pois não acreditava que ele fosse discípulo” (At 9, 26). São Paulo não tinha a credencial necessário para ser membro da comunidade, pois a fama dele era de perseguidor. Esta falta de confiança foi quebrada por Barnabé que mostrou o que é necessário para receber a credencial de cristão. Primeiramente, era preciso fazer o encontro com Jesus e ter mudado o rumo da vida – Saulo tinha visto o Senhor no caminho. Depois, era preciso entrar em comunhão com Jesus e sua palavra – o Senhor havia falado com Saulo. Finalmente ter firmado o compromisso com Jesus – Saulo havia pregado em nome de Jesus publicamente. Em outras palavras, para receber a credencial de cristão era preciso permanecer unido a Jesus, sua palavra e seu projeto e dar testemunho de vida. Esta credencial era justamente a união com Jesus e a comunidade, exatamente como o evangelho de hoje nos fala que os ramos precisam permanecer unidos à videira.

A segunda palavra é ousadia. Como atitude, ousar é querer mudar algo através de um projeto e ter coragem de pôr em prática este projeto. São Paulo de perseguidor, se tornou um pregador ousado, enfrentando todo tipo de conflito para manter-se firme na sua missão de apóstolo. Arriscou tudo, até a própria vida, por causa do evangelho. É a mesma coisa que faz o agricultor. Ele corta os ramos que não dão frutos.  Podar a videira pode ser dolorosa, mas é necessário para dar mais fruto. A poda é indispensável pois, sem ela, a videira morre. Como comparação, podemos dizer que o cristão também deve ser podado, isto não significa provação, mas graça, pois é o caminho para viver um novo projeto de vida de acordo com a fé que professamos. Diante de uma sociedade que não leva em conta os valores cristãos e evangélicos, é preciso ter ousadia para permanecer unido a Cristo e seu projeto de amor fraterno, partilha e perdão.

Verdadeiro significa autêntico ou que não existe falsidade. Jesus é a videira verdadeira e autêntica. O que Jesus nos indica como caminho, o que nos ensina como verdadeiro e fiel é a única alternativa de vida. É só em Jesus que nós podemos realizar o que Deus quer. A vontade do Pai se manifesta na pessoa e na vida de Jesus. Por isso, como ramos precisamos da seiva da videira. A seiva é o equivalente ao sangue dos animais – é o líquido que circula por toda a planta para alimentar os ramos. Cristo é a seiva que nos dá força, pois sem Ele nada podemos fazer.

Estas três palavras são importantes para nossa vida e atuação como cristãos no mundo. A credencial que devemos apresentar aos outros é, no primeiro momento, nossa vida em comunidade onde fazemos o encontro com a pessoa de Jesus e seu projeto. Como São Paulo, este encontro muda o rumo da nossa vida e nos dá a capacidade que precisamos para nos apresentar ao mundo como cristãos comprometidos na fé. E é justamente na comunidade, onde convivemos como verdadeiros irmãos e irmãs, que descobrimos o novo rumo da nossa vida, permanecendo unido a Jesus.

É necessário também a ousadia, pois é ela que nos dá a força para nos comprometer com os valores do Reino. Isto significa que somos capazes de sermos podados pela palavra de Jesus dando testemunho do amor, da partilha e do perdão.

É preciso também que sejamos capazes de sermos cristãos autênticos e verdadeiros e que, pela nossa ligação com a videira, possamos produzir os frutos de amor, não como um galho seco que será cortado e jogado fora. É a autenticidade que nos dá a credencial para anunciar Jesus e seu projeto e que nos liga ao Pai como os ramos são ligados à videira.

Tudo isto nos lembra as palavras de São João na sua carta: “Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade” (1Jo 3, 18). Que as nossas ações sejam capazes de produzir os frutos de amor sempre permanecendo unidos a Jesus a videira verdadeira, pois sem Ele nada podemos fazer.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

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