5º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

No evangelho que escutamos domingo passado, o evangelista São Mateus relata que Jesus subiu a montanha e começou a ensinar os seus discípulos. Diante deles estava a grande multidão de pessoas: doentes, pobres, povo que experimentava o sofrimento sem esperança e direção e Jesus dizia: “Felizes os pobres em espírito porque deles é o Reino dos céus, felizes os aflitos, os misericordiosos, os que tem fome e sede da justiça, os que promovem a paz e os que são perseguidos por causa do reino” (Mt 5, 3-10). Depois, no evangelho de hoje, Jesus continua seu discurso: “Vocês são o sal da terra, vocês são a luz do mundo”.

É pela palavra que Jesus ensina e mostra um novo caminho. Ensina que são os pobres e sofredores que mostram que o Reino de Deus está presente. Como a palavra é tão importante para nossa vida, pois a palavra não é somente a maneira que nos comunicamos uns com os outros, mas é também por meio da Palavra que Deus nos salvou: “A Palavra se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1, 14). A Palavra é Jesus e como escreveu São Paulo: “Quando fui a vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado” (a Cor 2, 1-2). Nossa fé, portanto, não é baseada na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus manifestado em Jesus crucificado.

Então Jesus é a Palavra que habitou entre nós e Jesus, para indicar o caminho de Deus, usa objetos da nossa própria vida, coisas que nós conhecemos para apontar para uma outra realidade. Todos nós sabemos da importância do sal e da luz. Sal dá gosto à comida, sem sal fica sem graça. Mas sal não somente dá gosto, conserva o alimento e sua presença é discreta, pois ele se dissolve na comida, mas o seu sabor continua.  Luz nos dá a possibilidade de enxergar. Ficar no escuro significa não andar e parado sem ação.

A partir desta realidade que conhecemos, Jesus nos diz: “Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo”. Quer dizer que pela fé que vivemos e pelas ações que praticamos, precisamos dar gosto à vida das pessoas. Isto acontece quando nossa vida é purificada do mal e, como sal, somos conservados para uma vida pura e sem mancha para tirar do mundo a corrupção e o pecado. Nosso caminho como cristãos é transformar o mundo, iluminados sempre pelas boas ações.

Estas ações são descritas pelo profeta Isaías: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá” (Is 58, 7-8).

Diante destas palavras do profeta, a liturgia de hoje nos questiona: como podemos ser sal e luz diante do mundo de hoje? O que significa mudar nossa vida obscura como luz do meio-dia?

Em primeiro lugar, é preciso conhecer o Projeto de Deus, revelado pela Palavra de Deus. É esta Palavra que nos ensina os apelos de Deus diante da realidade de destruição e desigualdade social.  É pelo conhecimento da Palavra que podemos vivenciar nossa fé nos tornando sal e luz.

Segundo, só podemos nos comprometer com o Projeto de Deus através do nosso encontro com Jesus.  É pelo desejo de conhecer a pessoa de Jesus que ganhamos novo sentido para nossa vida. Assim reconhecemos que não vivemos para nós mesmos, mas é preciso pertencer a comunidade. É na vida comunitária que podemos nos tornar sal e luz.

O mundo preciso sentir o gosto da Palavra que transforma e conhecer esta luz que renova. Como cristãos as palavras de Jesus se tornam um grande desafio. Um desafio não só para escutar o que Jesus nos diz, mas também vivenciar esta palavra no dia a dia da nossa vida.

Podemos dizer que ninguém é luz por si próprio, é necessário ficar ligado a uma fonte geradora. Como a lâmpada depende do gerador, assim nós dependemos do gerador que é Cristo para iluminar. Iluminamos os outros na medida em que estivermos ligados ao Senhor. Assim, nós somos luz e damos gosto para os outros, somos conservados do mal e iluminados pela Palavra de Deus.

Dizem que o século passado era o século das luzes por causa das invenções cientificas: a noite é transformada em luz pela eletricidade e nos dias de hoje utiliza o sol para produzir emergia. Apesar disto, vivemos na escuridão das misérias, injustiças e as trevas do pecado. Por isso, lembramos que somos sal e luz e Jesus nos diz: “Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16).

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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