6º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos,OFM

Normalmente quando a gente se encontra com uma pessoa perguntamos: “Quais as novas?” Gostamos de novidades, pois trazem mudanças na vida. Ficamos alegres com uma nova moda, um novo produto ou uma notícia boa. Mas, nem sempre gostamos de novidades, pois podem significar mudanças desagradáveis. Quando estamos numa situação ruim, ou estamos insatisfeitos por algum motivo, queremos mudanças, novidades. Mas quando estamos satisfeitos ou, a situação está bem para nós, não queremos mudar. Qualquer novidade significa mudança e mudança significa fazer esforço na nossa parte. Normalmente queremos o caminho mais fácil e de menos resistência.

Para os fariseus e os doutores da Lei, o mais importante era a Lei e os Profetas. Para eles, não podia ter mudanças, pois a tradição recebida dos antigos era fundamental para a fidelidade a Javé. E Jesus mesmo disse: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que se cumpra” (Mt 5, 17-18). Mas, ao mesmo tempo, Jesus veio trazer uma grande novidade – “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino do Céus” (Mt 5, 20).

Como foi esta nova justiça ou esta novidade proclamada por Jesus?

Primeiro, a Lei dizia não matarás, mas Jesus diz que não pode nem maltratar o irmão. Além disto, é preciso viver a fraternidade. Antes de fazer nossa oferta a Deus devemos nos reconciliar com o irmão. A reconciliação cria relações de justiça e de paz. Não somente fazer uma oferta, mas também viver a justiça e a reconciliação. Isto era uma grande novidade trazida por Jesus.

Para os Judeus, o adultério era pecado. Mas para Jesus é preciso a pureza de coração para vencer as maldades das pessoas e do mundo. A prática da justiça é lembrar da dignidade do homem e da mulher e como esta dignidade deve ser respeitada. Respeitar a dignidade de cada pessoa, homem e mulher, era uma grande novidade.

A lei do divórcio do Antigo Testamento era de acordo com a prática dos fariseus e doutores, pois favorecia o homem. No plano de Deus o homem e a mulher não devem se separar. Para isto, é necessário o diálogo e a compreensão baseados na igualdade. Jesus mostra que na igualdade, o homem e a mulher devem viver a fidelidade. O amor mútuo leva para a prática da justiça, justamente uma grande novidade para o tempo de Jesus.

O ensinamento de Jesus era de fato uma grande novidade, novidade não só naquele tempo, mas também para o nosso tempo. No relacionamento das pessoas no dia de hoje existem muitas situações de injustiça, e nós somos desafiados a viver a novidade trazida por Jesus, isto é a justiça.

Para viver esta novidade precisamos fazer uma opção de vida como está escrito no livro de Eclesiástico:  Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água; para que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir” (Eclo 15, 17-18).

Também nós estamos diante de uma escolha – escolher a novidade de Jesus ou continuar no nosso próprio caminho do mal e do pecado. Escolher a novidade de Jesus é lembrar que é preciso praticar a justiça nos nossos relacionamentos com as pessoas, superando o ódio, a divisão e a vingança. Isto exige uma mudança de mentalidade e de ação.  Este caminho nem sempre é de menos resistência como preferimos, mas da conversão para o bem.

Por isso, o nosso sim deve ser o sim de viver conforme os ensinamentos de Jesus que nos levam para a prática da justiça e a vivência dos valores do Reino. É justamente isto que celebramos nesta Eucaristia, pois rezamos no início desta celebração: “Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos a graça de viver de tal modo que possais habitar entre nós”. Quando praticamos a justiça do Reino, Deus habita entre nós!

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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