7º Domingo do Tempo Comum

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

“Quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes” (Sl 102(103), 12). É a oração do salmista que reconhece os próprios pecados e tem consciência do mal que pratica. Nas leituras de hoje, não somos somente desafiados a reconhecer o mal que praticamos, mas nos levam a fazer mais um passo à frente: “Sede santos porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2).

Ao refletir sobre o significado da santidade, a qual somos chamados, podemos olhar o evangelho que nos mostra o caminho. A lei dizia: “olho por olho, dente por dente”. Jesus nos diz se alguém dá um tapa na face direita, oferece também o lado esquerdo. Em vez de pagar o mal com o mal, o ódio com a vingança, deve superar a violência, não devolvendo o mal para o outro, mas praticando a não violência. A não violência é a ausência do desejo de vingança. Quem pratica a não violência não quer causar o sofrimento aos outros e, por isso, se torna um grande instrumento para a mudança de comportamento das pessoas e da sociedade. É o caminho da santidade.

Jesus nos dá um outro conselho: “se alguém quiser abrir um processo para tomar tua túnica, dá-lhe também o manto!” (Mt 5, 40). A prática do bem significa não resistir ao mal, mas surpreender com a partilha. Com certeza é esta surpresa do bem que pode conquistar o outro na vivência do amor. Em outras palavras, o normal é o querer e o desejo de ficar com o que é do outro, mas a partilha é capaz de transformar a ganância em solidariedade. Surpreender com a partilha é o caminho da santidade.

Jesus ainda nos desafia com as seguintes palavras: “Se alguém te forçar a andar um quilometro, caminha dois com ele!” (Mt 5, 41). Há pessoas que querem dominar e explorar os outros impondo sua própria vontade. É preciso mostrar que o cristão é capaz de não somente fazer a vontade do outro, mas ir além, desarmar o poder com a consciência da liberdade. O verdadeiro encontro com Jesus nos leva para a esta consciência de dignidade e liberdade e isto é o caminho da santidade.

Finalmente, Jesus lembra o que a Lei dizia: “Vós ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo! Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5, 43-44). O ensinamento de Jesus sobre o amor ao inimigo e a oração por aqueles que nos perseguem é uma reviravolta. Com certeza a resposta do amor é capaz de vencer aquele que nos deseja o mal.

É tudo isso que Jesus nos ensina como santidade, mas como vencer nossas limitações para viver este ensinamento? A prática do cristão é exatamente contrária à sabedoria do mundo. São Paulo nos diz: “Ninguém se iluda: se alguém de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus” (1Cor 3, 18-19). Para viver conforme o que Jesus nos ensina é preciso entrar na sabedoria e na lógica do Reino. Que lógica é esta? É justamente reconhecer que a força do bem é capaz de vencer o mal e que o perdão e o amor são capazes de vencer a vingança, o rancor e o ódio.

Somos capazes de viver o que Jesus nos ensina? Muitas vezes pensamos que não, mas nosso desejo de cristãos é superar nossas limitações para sermos santos como nosso Pai Celeste. Por isso as palavras do salmista podem ser nossas: Quanto dista o nascente do poente, tanto afasta de nós nossa fraqueza, nosso comodismo e nossos crimes. Assim estaremos no caminho de sermos santos, como Deus, nosso Deus, é Santo.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email
Share on print