A defesa do Urumari e os gestos concretos para ouvir a voz da Criação

Foto: Arquivo Custodial

Ao falar de Criação não tem como se remeter a criação divina da Terra, da nossa Casa Comum, e dos seres vivos que nela habitam. Dentre esses seres vivos estão os seres humanos aos quais Deus criou à sua imagem e semelhança” (Gn 1, 26), mas que deixou essa criação aos cuidados da humanidade para zelar, contemplar e preservar todas as formas de vida. 

Entretanto, o que temos visto nas últimas décadas é uma intensa violação e degradação dos recursos naturais, principalmente aos ambientes aquáticos que estão sendo impactados e contaminados por várias fontes poluidoras. Esse fato afeta a tudo e a todos.  Particularmente porque  vivemos na maior bacia hidrográfica do mundo que é a Bacia Amazônica, e esta vem sofrendo diversos danos ambientais. Entre  os ecossistemas que fazem parte deste imenso bioma e que vem sendo alterado de forma significativa estão os igarapés – Igarapé é um pequeno rio navegável, geralmente afluentes de rios maiores. Sobre o igarapé, vale destacar uma particularidade: eles praticamente só existem na bacia amazônica, na zona norte do Brasil.

Neste sentido o Igarapé do Urumari um dos principais mananciais da cidade de Santarém, no Pará, percorre aproximadamente 7,5 km quilômetros até desaguar na confluência dos rios Tapajós e Amazonas. Durante esse percurso passa por alguns bairros, servindo de habitat para uma riqueza significativa de seres vivos, marcado por palmeiras em suas margens árvores típicas da mata ciliar, que serve de proteção e fonte de alimentação para qualquer recurso hídrico mas que nos últimos anos este sistema ecológico vem sendo modificado drasticamente, seja pela própria falta de informação, falta de planejamento urbano, como pela negligência e ganância, que trazem como consequências a poluição, a contaminação, o desmatamento, assoreamento, tantos males que assolam e degradam este ecossistema. 

Foto: Arquivo Custodial

Dessa forma um grupo de pessoas preocupadas com a situação alarmante do igarapé, formou o Comitê em Defesa do Urumari, fruto de uma atividade chamada Balcão de Direitos que a Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém (FAMCOS) promovia, e em um desses encontros foi refletido sobre Direito Ambiental e a ferramenta de estudo foi justamente o Igarapé do Urumari, então como gesto concreto diante dos desafios ambientais que o igarapé tem, ao final deste encontro no dia 5 de agosto de 2007 em parceria também com a Paróquia de Cristo Libertador foi criado o Comitê em Defesa do Urumari.

Desde sua criação o Comitê do Urumari já realizou diversas atividades em prol da proteção do igarapé como: caminhadas ecológicas, palestras, plantios de muda, realização do Projeto Urumari Vivo que desenvolveu desde análises da qualidade da água, solo, fauna e flora até mapeamento de suas áreas degradadas, lives de sensibilização quanto a preservação do mesmo, enfim, durante esses 15 anos de atuação o Comitê sempre esteve preocupado com a realidade do igarapé do Urumari e procura ver formas para sua defesa diante de tantas ações que interferem na sua dinâmica ambiental e que esta prática de zelo seja disseminada para outros tantos igarapés que tem a mesma realidade de destruição neste rincão amazônico.

Portanto neste cenário que é tão desafiador devemos ser agentes cuidadores e tomar ações proféticas nesta imensa criação que clama tanto.

A luta pela recuperação e proteção do Igarapé do Urumari precisa de você. Junte-se a nós!

Por: Diego Ramos,
Biólogo. Professor de Ciências. Coordenador do Comitê do Urumari.

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