A Páscoa do Cardeal Cláudio Hummes, um grande irmão da Amazônia

Foto: www.cnbb.org.br

A Custódia São Bendito da Amazônia expressa um enorme pesar pela partida de Dom Cláudio Hummes. Ao mesmo tempo manifesta, junto com os povos da Amazônia, uma enorme gratidão pelo serviço e carinho realizados pelo arcebispo emérito de São Paulo. Das diversas atividades eclesiais que ele exerceu, destacam-se a preocupação com a realidade amazônica que eram sentidas nas suas palavras e gestos. O cardeal esteve à frente, “primeireando” sonhos amazônicos, em diversas instâncias da Igreja. Foi nomeado presidente da Comissão Episcopal para Amazônia, da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM) e Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).

Na homilia do décimo encontro da Igreja na Amazônia, o Cardeal, destacou que a “missão que ressoa sempre de novo aqui na Amazônia, continuamente retomada e renovada, é sempre um apelo para todo o Brasil”. A presença eclesial na Amazônia é um grande anúncio e um constante convite para a missão, enfatizou Dom Cláudio naquele tempo. Em tom profético, na mesma ocasião questionava: Há sempre gente morrendo pela causa do Reino de Deus, para defender e dar dignidade a seus irmãos. Quantos ainda darão sua vida? …Quantos ataques ainda irão sofrer os índios, os ribeirinhos, os quilombolas?

Em 2019, o Cardeal escreveu uma obra intitulada “O sínodo para a Amazônia” ela é composta de um misto de relatos pessoais e abordagens de Dom Cláudio sobre temáticas amazônicas pertinentes a esse importante evento. O Papa acolhendo o pedido de algumas conferências episcopais da América Latina, e a voz de diversos pastores e fiéis decidiu convocar uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazônica, fato anunciado em 15 de outubro. Esse anúncio foi descrito pelo cardeal Hummes como “acontecimento histórico determinante e cheio de esperanças”.

Como bom franciscano, sentia-se interpelado ao cuidado com a Casa Comum e sensível ao grito da Amazônia e de seus povos. Acompanhando todo o caminho do Sínodo para Amazônia Dom Cláudio foi também o relator das discussões sinodais. Na consagração do Sínodo para a Amazônia a São Francisco, o Cardeal afirmou que nas referências da escolha do nome do Papa Francisco (pobres, paz, cuidado da criação) se complementavam e atualizavam nos elementos daquele Sínodo (evangelização, indígenas e floresta amazônica). Com toda certeza também Dom Cláudio entoou um louvor franciscano diante das riquezas e desafios amazônicos.

Em seu discurso de despedida da presidência da CEAMA, assim afirmou: “No meio das águas agitadas, continuamos a construir os nossos sonhos amazônicos com a confiança de que é o Senhor da vida que nos conduz, nos chama à calma e nos convida a confiar num futuro em que nos encontramos numa verdadeira fraternidade universal, como sonhava o Santo de Assis”. A todos nós que recebemos esse importante testemunho de amor pela Amazônia, cabe agora caminhar e semear novos rumos.

Descanse em paz, querido Dom Cláudio Hummes. Interceda pela querida Amazônia e pelos frades que estão presentes nesta região e por todos os que lutam pela causa indígena, os povos originários e pela defesa da vida em todas as suas formas.

 Frei Edilson Rocha, OFM

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