Cinco dias de retiro marcaram a semana anterior à primeira profissão dos noviços da Custódia São Benedito da Amazônia e da Província Santa Cruz, da turma de noviciado de 2022. Frei Edilson Rocha, além de viajar para receber a profissão dos votos dos noviços da Custódia, também foi convidado para orientar os dias de retiro. Frei Pedro Olavo, relata um pouco de como foram estes dias de intensa oração e recolhimento. Acompanhemos o testemunho:
Frei Edilson Rocha, OFM chegou ao Noviciado São Benedito, o Mouro, no território da Província Santa Cruz, na manhã do dia 9 de dezembro, com a missão de pregar o retiro para os 8 noviços que se preparam para a primeira profissão dos votos no dia 19 de dezembro. O retiro teria originalmente início no sábado (10), porém, Frei Edilson testou positivo para COVID-19, tendo que ficar em isolamento.
No domingo (11), para que não atrasasse o tempo proposto para as atividades, após a Celebração Eucarística Dominical, deu-se início ao retiro; esse primeiro encontro aconteceu no quiosque Frei Augusto, localizado na parte externa da casa, como protocolo foi adotado a utilização de máscara e distanciamento por prevenção. O tema proposto para o retiro foi: A vida consagrada e seus desafios, uma temática proposta pelo formador dos noviços, Frei Jaime Eduardo. Frei Edilson começou relembrando sobre o início do cristianismo e o surgimento da Vida Religiosa Consagrada.
Elementos essenciais para a vida do consagrado
Ao longo do segundo dia, que iniciou com a celebração eucarística, Frei Edilson, destacou quatro pontos essenciais para a vivência do consagrado, que deve cada vez mais cultivar a aliança com Deus, assumida no batismo. E os quatro elementos colocados em destaque por ele foram: O primado de Deus, aquele que se encarna no meio do seu povo; A missão da Igreja na Igreja, onde, pois a vida religiosa deixa de ser profética, ela perde um dos seus pilares principais diante da ação divina e o povo de Deus; A vida Fraterna, onde todo cristão deve estar ligado a uma comunidade e ser comunidade; E finalmente a profissão pública dos votos, na qual se deve cultivar a interiorização.
O pregador do retiro ainda ressaltou que “a consagração é tornar algo sagrado. Tudo o que somos, fazemos ou possuímos pertence a Deus, de modo livre e alegre, experimentando profunda paz e autorrealização”. Por esse motivo, “o religioso deve fugir do hedonismo apresentado pelo mundo, denunciando os descasos sociais de maneira passiva (testemunho de vida) ou ativa, sem perder de vista a necessidade da espiritualidade, evitando se tornar apenas um ativista social”.
A partir do terceiro e quarto dia, Frei Edilson utilizou como instrumentos de base os documentos Vitae Consecrata, as fontes franciscanas e o próprio evangelho para falar sobre os conselhos evangélicos (Castidade, Pobreza e Obediência). Nas nossas fontes, afirmou o pregador, Francisco apresenta uma obediência cristocêntrica, pois ele fez da sua vida uma expressão do próprio evangelho. Viver esses três conselhos é viver radicalmente o próprio Evangelho. “O seguimento de Cristo não é apenas um desejo que surge a partir de nossas experiências de vida, mas sim, um chamado feito pelo próprio Deus, àquele que vos chama pelo nome”, pontuou Frei Edilson.
Vida Consagrada: um caminho de conversão
No quinto dia o tema refletido foi a conversão na Vida Religiosa e a Correção Fraterna entre os Irmãos Menores. Logo pela manhã, Frei Edilson comentou que uma vivência cristã não pode existir sem o processo diário de conversão. Essa conversão não é uma mudança repentina e sim uma mudança de rota em direção a vida, sendo uma transformação total do indivíduo (metanoia). Isso acontece quando o indivíduo aprende a silenciar-se e confrontar-se, conhecendo seus pontos de fragilidade e seus pontos de evolução. O comodismo é um grande risco para esse processo evolutivo do ser, afirmou o ministro.
Na segunda parte do dia (15), aconteceu a confissão individual dos noviços. Em seguida, após a partilha com os padres convidados, os participantes do retiro seguiram novamente para a sala onde a conferência estava sendo realizada e continuaram com o assunto proposto pela manhã. Na parte da noite, ocorreu uma celebração da reconciliação em fraternidade, onde todos tiveram a oportunidade de expressar dificuldades durante esse ano e em fraternidade reconciliar-se mutuamente.
No quinto e último dia, Frei Edilson frisou a fórmula para a profissão, destacando frase por frase, explicando o sentido de cada uma para percebermos a sua importância na vida daquele que se dispõe a consagrar-se, perante a Igreja e o Senhor, na Ordem dos Frades Menores. O retiro encerrou com os agradecimentos dos noviços a Frei Edilson, que por sua vez os motivou a fazer uma caminhada autêntica, com perseverança, sem esquecer-se da espiritualidade deixada por nosso pai Seráfico São Francisco de Assis.
Frei Pedro Olavo, OFM