Visita pastoral as aldeias da Missão São Francisco na Mundurukania
Caríssimos confrades e eleitores/as, paz e bem!
Partilho convosco uma visita feita nas aldeias da Mundurukania da Missão São Francisco do Rio Cururu. Eu e Pe. Ronaldo Sampaio iniciamos a jornada até a sede da nossa missão. No dia 2 de junho saímos de Itaituba para Jacareacanga.
No dia 3, permanecemos em Jacareacanga para fazer as compras, no dia 4 seguimos para o Ramal do Bena. Por volta das 13h nossa voadeira chegou, sendo pilotada pelo Reginaldo coordenador da comunidade Santo Antônio (posto Munduruku). Fizemos uma parada num lugar conhecido como São Benedito, lugar alto onde o povo acende velas e reza. Seguimos até a aldeia Restinga ainda no Rio Tapajós, localizada próxima a entrada do Rio Cururu. Lá visitamos todas as casas, e convidamos para a celebração às 7h30 do dia 5. Padre Ronaldo presidiu a Eucaristia no Barracão da comunidade, também houve 4 batizados. Após a missa subimos o Rio Cururu, paramos rapidamente para almoçar na aldeia Posto Munduruku e chegamos na missão por volta das 15h30.
Ao chegarmos fomos bem recepcionados pelas irmãs, Claudia e Debora, após um café, Pe. Ronaldo assistiu os catecúmenos da primeira Eucaristia com o Sacramento da Confissão. No domingo dia do Senhor, tivemos a missa na qual celebramos 9 batizados e 31 primeiras Eucaristias.
Na terça-feira (8), saímos da missão pela manhã para visitar a aldeia Pratati-cajual, lá a comunidade pediu o sacramento da confissão e teve missa e batizado. Retornamos a missão São Francisco no mesmo dia.
Dia 10 começamos a descer o rio, saímos às 17h e paramos na aldeia Caroçal do Rio Cururu, Pe. Ronaldo celebrou a missa, e eu 4 batizados na manhã do dia 11, após almoço seguimos para a aldeia Waropompou (mais conhecida como Posto Munduruku), lá tivemos a experiência de ver e participar da preparação da festa de Santo Antônio: as celebrações da Palavra presidida pelos próprios indígenas, ir buscar cana-de-açúcar na roça; pescar, e espremer cana para o preparo do caxiri.
Dia 12 a imagem de Santo Antônio foi transladada para a aldeia Morro do Careca, retornou na manhã do dia 13 recepcionada com fogos e cantos, com destaque ao responso de Santo Antônio. Pe. Ronaldo conduziu um momento de agradecimento e apresentação dos ministros da palavra de cada aldeia que estiveram presentes. Em seguida foi realizado um café comunitário. Às 9 horas da manhã batizei 9 crianças. Em seguida teve o campeonato de futebol. Na tarde às 18h houve uma pequena procissão com a imagem do Santo pela aldeia, seguido de missa e celebração da primeira eucaristia. A festa teve homenagem as mães, pois foi o momento que puderam comemorar esta data, devido a pandemia. Sem sombra de dúvidas pudemos observar a fé dos indígenas e a alegria de celebrarem seu padroeiro.
Dia 14, descemos o rio, fizemos uma parada na aldeia Patuazau, o cacique pediu para irmos lá dizendo que tinham batizados, porém não tiveram. Conversamos com povo e rezamos um Pai-Nosso. Chegamos a barra de São Manuel por volta de 12h30. A coordenadora não estava esperando, mesmo assim nos acolheu e marcamos a missa para noite. Atravessamos o Rio Tapajós para aldeia Primavera, para atar as redes, às 19h30 fomos para barra, foi celebrada a missa e um batizado, em seguida jantamos e atravessamos o rio para dormirmos na aldeia Primavera. Na manhã do dia 15 em clima de despedida, Pe. Ronaldo celebrou a última missa desta visita e após almoço seguimos descendo o rio, paramos no São Benedito, descemos as duas cachoeiras, por volta das 15h30 chegamos ao ramal do Bena. Frei Ari já estava nos aguardando para nos levar de volta a Jacareacanga.
Na quarta-feira (16), às 9:40 saímos de Jacareacanga com destino a Itaituba, no caminho o pneu do micro-ônibus furou, isto fez prolongar o tempo de viagem, esperávamos chegar às 19h, acabamos chegando às 22:40.
Algumas considerações sobre a visita. O povo Muduruku clama pela presença de um padre, estão pensando em preparar um documento solicitando um “Pain”. Penso ser positivo esta vontade do povo. Porém há a tensão dos indígenas pró e contra o garimpo no Rio Cururu, este dilema é um tanto quanto complexo, uma vez que boa parte das lideranças indígenas católicas são as que estão sendo ameaçadas.
Enfim, no geral as visitas foram positivas, fomos bem acolhidos. Que o Espírito Santo Ilumine este povo de fé e cheio de cultura nestas terras que vivem um conflito territorial.
De vosso Irmão menor
Frei Raoul Bentes O.F.M