Apresentação do Senhor – 2025

O nascimento de uma criança nos faz reconhecer que a vida é um dom. E se a vida é um dom, cada momento pode ser uma festa, uma alegria, se é vivido no amor. É por isso que podemos dizer que desde a gravidez, os pais experimentam a vida como sagrada, um dom infinito do amor de Deus. O nascimento da criança não é somente uma grande alegria, mas, ao mesmo tempo, nos traz um sentimento de gratidão. É Deus que é o doador da vida e o nascimento de cada criança é sinal da vontade de Deus. Batizar uma criança também é manifestar esta gratidão a Deus, é agradecer a Deus pela vida e saúde da criança, é um gesto de reconhecimento de que a criança foi dada por Deus. É consagrar a vida da criança a Deus.

Se o nascimento de todas as crianças é um dom, devemos também pensar que o Natal, o nascimento de Jesus como Filho de Deus é algo inacreditável, fantástico. Jesus foi uma criança pequena, frágil e pobre, mas Ele é o próprio Deus que veio armar a sua tenda entre nós. É o milagre do amor, um mistério difícil de compreender, por isso só podemos contemplar.

É neste sentido que hoje celebramos a festa da apresentação do Senhor. A lei de Moises dizia: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23).  Maria e José levaram Jesus para ser consagrado ao Senhor e ofereceram o sacrifício de dois pombinhos e um par de rolos, uma oferta dos pobres para mostrar que Jesus foi entregue ao Pai.  Simeão, um homem justo e piedoso e movido pelo Espírito, reconheceu que o menino Jesus era o Messias esperado: “Agora, Senhor, conforme tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos virem a tua salvação que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar todas as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2, 29-32). Ana, a profetiza que servia a Deus com jejuns e orações, também reconheceu Jesus como dom de Deus e fala do menino para todos os que esperavam a libertação.

Diante de todas as trevas deste mundo, é Jesus que nasceu como luz. No início desta celebração abençoamos as velas para mostrar que em Jesus, que veio habitar no meio de nós, podemos encontrar luz para nossas vidas. Em Jesus, Deus está presente em nossa vida e a sua vida e sua palavra dão sentido para nossa existência. Se Jesus foi consagrado a Deus, também, pelo batismo, todos nós somos consagrados a Deus.

Ser consagrado a Deus tem suas implicações para a nossa vida. O profeta Malaquias compara Deus com o fundidor que, fazendo passar o ouro e a prata pelo fogo, purifica-os e elimina tudo que não é autêntico e com o sabão que as lavadeiras usam para tirar toda a sujeira da injustiça e violência. Ser consagrado a Deus não é somente a garantia da sua proteção e benção, mas também nosso compromisso de sermos autênticos na vivência da fé.

É lembrar também que Jesus é a luz e nesta luz devemos habitar. Acendemos as nossas velas no início desta celebração para mostra esta realidade. Habitar nesta luz é abandonar as nossas trevas para nascer para vida nova. Consagrados a Deus, somos criaturas novas.

Pela sua consagração a Deus, Jesus se torna para nós o caminho da libertação. Hoje sofremos muito por causa de tanta falta de amor. No dia a dia da nossa vida, experimentamos o ódio, o sofrimento, a falta de compreensão e compaixão. O mundo, mergulhado no pecado e da maldade, precisa de vida nova. No seguimento de Jesus podemos encontrar este caminho de libertação para nossas vidas e para a vida do mundo.

Os pais de Jesus ficaram admirados com o que diziam a respeito dele: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2, 34-35). De fato, diante de Jesus são reveladas as intenções dos corações, precisamos tomar uma decisão diante da proposta de Jesus. Decidir a viver o amor, mesmo nos pequenos gestos, é o caminho de transformação. Consagrados a Deus, nossa vida mudou, que sejamos capazes de habitar nesta luz de Jesus que doou a sua vida por amor e nos salvou por sua morte e ressurreição.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

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