Em muitos momentos da nossa vida, precisamos esperar algo para acontecer. Quantas vezes, por exemplo, é preciso esperar na fila do ônibus ou do banco, na fila de uma consulta médica ou na fila do INSS. Praticamente todos os dias, passamos tempo na espera de alguém ou de alguma coisa e perdemos muito tempo esperando. Mas, ao mesmo tempo, há duas maneiras de esperar. Podemos esperar simplesmente fazendo nada. Ficamos na fila do banco só de braços cruzados, parados sem fazer nada, ou podemos esperar fazendo algo. Quando, por exemplo, esperamos por algum evento importante. Podemos citar a família que espera o nascimento de um filho. Os pais não ficam parados, fazem todos os preparativos para o grande dia. Preparam o quarto, a roupa, o berço e a mãe tem uma grande expectativa e se prepara fazendo os exames de pré-natal para aguarda o dia que o filho vai chegar. Em outras palavras, estas pessoas estavam esperando algo importante na vida, mas não de braços cruzados ou parados, pelo contrário, fazendo várias atividades em preparação. Podemos dizer que a espera era de ação e não de acomodação.
O tema principal do tempo de Advento é a espera por Jesus. A nossa rotina continua a mesma todos os dias, mas nós como cristãos, neste tempo especial, esperamos por algo muito importante: a vinda do nosso Salvador. Neste primeiro domingo de Advento, todas as três leituras falam sobre a espera pela vinda do Senhor não somente no passado, mas também no presente e no futuro.
Primeiramente, escutamos da profecia de Jeremias, e alimentamos nosso espírito de espera olhando para o passado. O profeta vivia numa triste realidade de um povo abatido e cansado por causa da grande opressão do exilio na Babilônia. Este povo esperava a libertação e Jeremias lembra que brotará um novo rebento do rei Davi que vai fazer brotar a justiça: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de bens futuros para a casa de Israel e para a casa de Judá. Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente de justiça, que farei valer a lei a justiça na terra” (Jr 33, 14-15). Os primeiros cristãos, olhando para esta profecia do passado, descobriram que o novo rebento que vai brotar é o próprio Jesus e o seu nascimento é a certeza da nossa salvação. Assim nós hoje, recordando as promessas de Deus no passado, podemos alimentar nossa esperança na vinda do nosso Salvador.
Segundo, São Paulo na sua carta aos Tessalonicenses, nos exorta a viver o amor: “O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós” (1Ts 3, 12). Se não vivemos o amor no momento presente, nossa esperança se torna vazia. Na medida que cresce entre nós atos de amor e solidariedade, cresce também nossa esperança de que Jesus está entre nós e a sua presença nos dá a certeza de que Ele continua nascendo nos trazendo vida nova e plena, de acordo com a nossa dignidade de sermos filhos e filhas de Deus.
Terceiro, no evangelho de São Lucas, olhamos para o futuro. O evangelho fala de sinais catastróficas, mas estes sinais não representam tanto o que vai acontecer no fim do mundo, mas que Deus vai intervir na nossa história para nos libertar. Assim é preciso reavivar nossa esperança pelo novo dia que surgirá e devemos intensificar nossa vigilância para reconhecer e acolher o Senhor que vem: “Portanto, ficai atentos e orai todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21, 36). Mesmo diante de fatos de tristeza ou de medo, nós sempre devemos alimentar nossa esperança de que nossa salvação se aproxima.
Este tempo de Advento tem dois momentos: nas primeiras duas semanas, vigilantes e alertas, somos lembrados a esperar a segunda vinda de Jesus no final dos tempos; e nas últimas duas semanas, lembrando a espera dos profetas e Maria, preparamos com mais vigilância o nascimento de Jesus em Belém.
Durante todo este tempo de Advento ficamos então na espera, não parados ou despreparados, mas pelo nosso compromisso de fé, na vigilância e na ação. No mundo de hoje, todo mundo tem pressa e perdemos a capacidade de esperar. Queremos ver acontecer agora e não mais tarde. Assim, este tempo de Advento é uma grande oportunidade de contemplar o grande mistério da encarnação e esperar com confiança e fé a segunda vinda de Jesus. Continuamos nossas tarefas e trabalhos como de sempre, mas agora de uma maneira diferente, dando testemunho da nossa identidade cristã. Advento é a ocasião da espera fecunda e, ao mesmo tempo, ativa, concentrando nossos esforços e ações naquilo que é essencial na vivência da fé: gestos de solidariedade, justiça e paz. Que nossa espera neste Advento não seja de acomodação, mas de ação!
Por: Frei Gregório Joeright, OFM