Dia 08 de dezembro a Igreja celebra solenemente a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Essa celebração ocorre dentro do tempo do Advento no qual Maria é uma importante figura. Essa liturgia relembra também que a verdade de fé da Conceição Imaculada de Maria foi definida por Pio IX na mesma data, no ano de 1854. A importância local da solenidade pode ser vista no fato de a Virgem da Conceição ser a padroeira de duas arquidioceses da Amazônia brasileira, Manaus e Santarém. O povo dessas duas cidades nutre uma grande afeição pela Imaculada. Pretendemos com esse texto, pensar um pouco sobre como alguns aspectos da celebração desta solenidade nos fazem olhar para o mistério pascal de Cristo refletido no chão concreto da fé e da vida amazônica.
Na oração do dia recordamos que Deus preparou “uma digna habitação para o seu Filho, pela Imaculada Conceição da Virgem Maria”. A imagem divina que transparece é justamente aquela do cuidado, d’Aquele que não desampara e prepara com amor a chegada do Verbo. Na mesma oração, os fiéis suplicam: “concedei-nos chegar até vós purificados também de toda culpa” pela materna intercessão de Maria. Esse pedido a Deus liga o povo ao caminho feito pela Virgem, e eles fazem então, hoje subir aos céus um grito. O reino de Deus, “que atua na história”, faz da Imaculada, Maria de Deus e Maria do povo. Foi no seio materno de Maria, a Mãe da Amazônia, que “formou-Se Jesus, que é o Senhor de tudo o que existe” (Querida Amazônia, 111). Desse modo, a mãezinha que roga por nós é atenta ao caminhar dos povos da Amazônia.
“No coração palpitante da Amazônia”, a celebração da Imaculada é uma festa de “santa emoção”, mas também de proclamação da fé. Momento de rezar e afirmar, como fazemos na oração sobre as oferendas, que a graça divina preservou Maria de toda culpa. Ao festejar a Virgem Maria, afirmamos o nosso sentimento de querer crescer no seguimento de Cristo, caminho, verdade e vida. Conduzidos por Maria a Cristo, declaramos como ela: “faça-se, ó Pai vossa plena vontade”. Ela é um atalho que ao seu Filho conduz!
Maria é a mulher toda bela (Tóta púlchra), e ela se mostra na Amazônia como “mãe de todas as criaturas na beleza das florestas, dos rios…” A explosão de beleza presente na região amazônica pode contar com o carinho protetor de tão boa Mãe. A beleza de tudo que a Amazônia encerra carece de admiração e cuidado, os quais podemos aprender com a Imaculada, que guardava tudo em seu coração. A Bendita entre as mulheres, que “intervém constantemente em favor do povo de Deus” (Prefácio), volta o seu olhar para os pobres da Amazônia. Ela que é “Mãe dos aflitos que estão junto à cruz” sofre também com seus “filhos ultrajados e na natureza ferida” (QA, 111).
A primeira leitura desta solenidade nos recorda a queda humana no relato da Criação. Continuamos a ouvir a voz de Deus nos perguntando: Onde estamos? E no solo bendito da Amazônia podemos constatar que muitos ainda buscam ocupar o lugar de Deus e “sentem-se donos da obra do Criador”. Essas tentações produzem feridas abertas no coração humano e no seio da floresta. Ao encontro disso, observamos o que suplica a oração depois da comunhão ao pedir que a “Eucaristia cure em nós as feridas do pecado original”. Portanto, que a celebração da Imaculada Conceição, aumente sempre mais a nossa fé no Cristo que caminha conosco na Amazônia.
Frei Fábio Vasconcelos, OFM.