O tema do Capítulo Custodial, que acontece em novembro deste ano, trata sobre “um futuro de esperança”. Esse tema aponta também para a realidade juvenil da Amazônia. Os jovens são imagens de sonhos, futuro e esperança. A Custódia São Benedito da Amazônia é uma entidade jovem, seja devido ao fato de ser uma entidade autônoma que tem 32 anos, como pelo fato de ter 11 frades, do total 43, na faixa etária de 18 a 25. Abraçar o futuro da presença Franciscana na Amazônia significa também caminhar com a juventude. Os jovens são “beleza que encanta e agita” (Reginaldo Veloso) e com certeza estão muito preocupados com o futuro da Amazônia. Estão nos meios universitários, no mundo do esporte e nos trabalhos mais diversos permitindo um diálogo com todos esses ambientes da sociedade.
Falar sobre sonhos é falar de algo que é a marca da juventude, e o Papa Francisco, ao estilo do jovem de Assis, nos convida a sonharmos com o melhor para Igreja e por uma ecologia integral. O Senhor vai ao encontro dos jovens, como esperança neste tempo da juventude e para além dele. O evangelho revigora “os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade” (Christus Vivit, 20) e desperta uma jovialidade. Nossa presença franciscana na Amazônia deve ajudar os jovens a “assumir as raízes, pois das raízes provém a força que os fará crescer, florescer e frutificar” (Querida Amazônia, 33). O rosto jovem do franciscanismo e todo o potencial desse carisma encontram e buscam responder aos anseios e desafios dos jovens da Amazônia.
O documento “Santarém 50 anos: Gratidão e Profecia”, emanado do V encontro da Igreja Católica na Amazônia, coloca as linhas prioritárias para os novos caminhos da evangelização nessa região. Entre as prioridades está a evangelização das juventudes. Aí encontramos, retomando o documento final do Sínodo de 2019, a afirmação da diversidade desse rosto juvenil da Igreja na Amazônia, mas pontuando um fator comum: o sonho diário com melhores condições de vida e seu profundo desejo de vida plena (DS, 2022 n. 65). Nesse contexto, então a Igreja na Amazônia quer ser próxima e caminhar com os(as) jovens, acompanhar, dar formação e incentivar o seu protagonismo. Além de inserir as juventudes na dinâmica do discipulado-missionariedade. É preciso desafiar os jovens ao compromisso missionário, valorizando o rosto amazônico da Igreja.
Os frades reunidos para o Capítulo Geral de 2021 aprovaram o documento: Respondendo ao convite do Espírito Santo como Irmãos Menores na Igreja e no mundo (DFCG 2021). Entre os convites do Espírito, encontra-se o convite para evangelização e missão. Nesse ponto, o acompanhamento dos jovens adultos, para que diante dos sinais dos tempos, eles possam ser líderes na Igreja. O documento convida os frades a caminhar junto com as juventudes sendo seus companheiros no mundo de hoje. Com a percepção juvenil sobre a autenticidade somos provocados a sermos melhores irmãos e menores em nossa vida e missão na Amazônia.
Entre as proposições para a Formação, dadas pelo Capítulo de 2021, foi o de “uma renovada atenção aos jovens por todas as entidades da Ordem”. Essa atenção orienta-se que seja feita por meio de um programa vocacional.” que acolha, ouça, acompanhe, evangelize, catequize e envolva na experiência dos valores cristãos os jovens de hoje”… (DFCG, 2021, n.13). E como orientação para a Evangelização e Missão, pontua-se novamente a atenção aos jovens, “valorizando sua riqueza cultural e generacional e considerando o ministério dos jovens adultos como espaço natural para a animação vocacional” (DFCG, 2021, n. 26).
O encontro com as juventudes da Amazônia é um convite para renovar e assumir com fidelidade criativa o carisma franciscano. A vida de fraternidade é o sonho de Francisco que reuniu outros jovens, assim hoje é chamado a acolher os belos sonhos e inspirações das juventudes amazônicas. O contato com esse carisma também é uma oportunidade dos jovens deixarem-se encantar pelo seguimento de Cristo ao estilo de Francisco. Como irmãos e menores, os frades são chamados a apresentar “outros sonhos que este mundo não oferece” (CV 36) e sonhar com eles um futuro de esperança na Amazônia. As “mil ideias de renovação” (Pe. Zezinho) do Pobre de Assis com certeza motivarão os percursos na defesa da Casa Comum e a reconstrução dos caminhos eclesiais. Um futuro de esperança se constrói remando junto das juventudes.
Frei Fábio Vasconcelos, OFM