Foto: Erlison Campos/Arquivo Pessoal

Hoje, em diversas partes do mundo, mas especialmente nos Estados Unidos e Canadá, celebra-se o Dia de Ação de Graças. Feriado oficial nesses lugares, e é sempre celebrado na quarta quinta-feira de novembro. Neste dia, pessoas de todas as religiões dão graças pelas bênçãos recebidas. A tradição segue o rito das famílias se reúnem para comemorar o dia à mesa, para uma ceia em que peru, molho e geleia de amoras, milho, batatas doces, torta de abóbora estão entre os pratos mais tradicionais. Organizações de caridade servem jantares de Ação de Graças aos necessitados, idosos e convalescentes. No calendário festivo desses lugares, marca também neste dia o início do tempo natalino.

A origem

A origem deste feriado, remonta a chegada de um dos grupos de colonos ingleses na América do Norte em 1620. Eles chegaram muito próximo do inverno para obterem muitas colheitas e, sem comida fresca, parte de um grupo de colonos morreu de doenças e fome. Na primavera seguinte, os indígenas com quem fizeram os primeiros contatos, os ensinaram a cultivar o milho, um novo alimento para os recém-chegados. Mostraram também outros cultivos próprios para o solo desconhecido, além de como caçar e pescar.

No outono de 1621, safras fartas de milhos, cevada, feijões e abóboras foram colhidas. Os colonos tinham muito o que agradecer, então uma festa foi planejada. Eles convidaram os indígenas locais, e estes trouxeram cervos para assar com os perus e outras caças. Os colonos aprenderam com os índios a cozinhar amoras e diferentes pratos de milho e abóbora. Celebrou-se assim o primeiro dia de amizade e gratidão, pelo aprendizado recebido e a colheita abundante.

Símbolos de Ação de Graças

O peru, o milho, as abóboras e o molho de amoras são símbolos que representam o primeiro Dia de Ação de Graças. Agora todos esses símbolos estão presentes nas decorações e cartões celebrando a data. O uso do milho representou a sobrevivência daquele grupo e posteriormente de todos os colonos. O “milho indígena” como decoração de mesa ou porta representa a colheita e o outono. O molho de ou a geleia de amoras é presente até hoje. Mas certamente, o maior símbolo dessa festa é a reunião das famílias e amigos para juntos agradecerem o ano vivido e tudo que foi colhido no trabalho, na família, entre os amigos, nas ações que se praticou. É uma festa que transcende religiões e culturas, é uma festa de gratidão.

Foto: Arquivo Custodial

Ação de Graças no Brasil

No Brasil, o Dia de Ação de Graças não é feriado e sua comemoração é, geralmente, restrita às escolas de língua inglesa, às empresas de origem americana e às famílias que seguem a religião protestante. Dessa forma, a maioria dos brasileiros só conhece o feriado por meio das redes sociais ou pelos episódios de séries e filmes americanos. Ainda assim, mesmo que por aqui a comemoração não seja muito usual, a data foi regulamentada no calendário nacional em 1949, pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Em 1965, o presidente Castello Branco definiu que a celebração seria feita no mesmo dia que nos Estados Unidos, na quarta quinta-feira do mês de novembro.

Apesar de constar no calendário, no Brasil não é feriado oficial e passa despercebido. Aqui temos a noite de ano novo, que talvez se assemelhe com este feriado americano. A colonização portuguesa trouxe tudo que é próprio da sua cultura, diferenciando-se dos países ao norte do continente; ainda outro aspecto é o fato de estarmos no hemisfério sul, onde nesse período está se iniciando o tempo de semeaduras, e não se encerrando as colheitas.

Para além de um feriado…

Quase todas a culturas no mundo já festejaram colheitas fartas, razão pela qual se é grato. Entretanto, muito mais que “importar” um feriado, o dia de hoje é um convite a transcender religião e cultura, é convite para deixar aflorar a nobre virtude da gratidão. Ninguém está isento de reconhecer-se grato em algum momento da vida por algo que recebeu.

Foto: Arquivo Custodial

A gratidão é a virtude humana por excelência. Por um pouco que a deixemos aflorar, a gratidão irá abrindo caminho, pacificando nosso coração e fazendo emergir, ao mesmo tempo, o melhor que há em nós. A gratidão é um sentimento profundamente terapêutico: ela nos afasta dos obscuros pensamentos de egoísmo e autossuficiência, e nos coloca em sintonia conosco mesmos, com o outro, com o transcendente, em uma posição de humildade. Na Bíblia vemos claramente que a gratidão nasce com naturalidade e espontaneidade nos corações humildes, nas pessoas conscientes de que tudo que recebem não é por mérito ou retribuição: tudo é dom de Deus.

A gratidão nos move em direção do outro, e nos faz reconhecer que nada que temos seja tão pouco que não possamos repartir com o que menos ainda tem, ou que se encontra em um estado de maior carência.

Viver agradecidos é reconhecer que tudo é dom, que nada nos pertence, que tudo parte de um Deus todo misericordioso e amoroso, cuja grandeza e bondade são insondáveis. Intuir isto, é reconhecer que só podemos viver diante d’Ele dando-lhe graças. E isso gera um modo novo de nos situar não só diante de Deus, mas também diante dos outros e de nós mesmos.

Foto: Arquivo Custodial

E você? Agradeceu ontem? Já agradeceu hoje? Se não o fez, comece a partir de agora, e continue sempre! Sejamos gratos!

Por: Frei Rômulo Canto, OFM

Referência:

https://br.usembassy.gov/pt/feriados-observados/dia-de-acao-de-gracas/ – acessado dia 22 de novembro de 2023, às 15h.