Frei Manoel Lima, morreu no dia 16 de abril, no Hospital Regional do Tapajós, em Itaituba vítima do novo coronavírus. O frade foi diagnosticado com Covid-19 em meados de março. Evoluiu para sintomas graves e passou um mês internado, a maior parte desse tempo na UTI. Infelizmente, o organismo dele não conseguiu vencer as consequências das complicações causadas pelo vírus, apesar de todos os recursos disponibilizados pelo Hospital e por todos os médicos e profissionais de saúde que fizeram tudo o que puderam para salvar a vida dele.

O que mais dizer sobre o irmão, depois de tantas reverências nos testemunhos que foram expressos por ocasião de seu falecimento? Grande frade! Grande irmão!

Conheci Frei Manoel no dia que chegou em Santarém, janeiro de 1979, para iniciar o processo formativo franciscano, no Noviciado lá da Casa Branca, lugar de onde estávamos saindo para a primeira profissão. Já naquele encontro o percebi muito alegre, brincalhão, sem medo de contar sobre sua família, suas gafes etc. Aliás, sua chegada já foi uma graça. Nunca tinha saído do Coqueiro ou Belém. Avião, só via passar no céu. Chegou o dia de Frei Manoel embarcar para Santarém. Frei Pedro Amen o levou ao aeroporto, fez o check-in com ele e disse: “agora espere aqui e na hora vão te avisar para entrar”. Horas depois, Frei Pedro recebe um telefonema. Era Frei Manoel. “Fez boa viagem?” perguntou ele. Aí Frei Manoel respondeu: “nem saí daqui. Acho que esqueceram de mim. Não chamaram meu nome…”. Penso que essa história durou alguns anos ele mesmo contando com a graça que lhe era própria. 

Apesar da alegria contagiante, Frei Manoel tinha suas fragilidades que expressava com facilidade aos irmãos. Preocupava-se zelosamente com o trabalho pastoral, com a vida franciscana, com a família, com os pobres etc. Muitas vezes ficava horas ou dias para baixo, mas sempre dava a volta por cima.

Para além das cenas engraçadas, destaco na vida franciscana de Frei Manoel a sua enorme sensibilidade para com os pobres, os fragilizados, os abandonados. Pessoas e animais. Seus cães em Itaituba e seus gatos em Manaus, foram adotados da rua. Não adotou pessoas, mas cuidou de tantos irmãos e irmãs pobres que lhe pediam ajuda.

Em louvor de Cristo. Amém.