Epifania

Arte: Frei Fábio Vasconcelos

Enquanto dormimos nós sonhamos e no sonho aparecem diante de nós ideias ou imagens que as vezes são lembradas, ou as vezes, esquecidas. Mas podemos dizer que não temos sonhos somente quando dormimos, também sonhamos acordados. São vários os nossos sonhos: ganhar na loteria, conseguir uma casa nova, viver feliz, encontrar a pessoa certa na vida e há pessoas que sonham por um mundo mais justo e fraterno. São muitos os nossos sonhos.

Hoje celebramos a festa da Epifania e podemos dizer que Natal e Epifania são dois aspectos do mesmo mistério: a manifestação de Deus em nossa realidade humana. No Natal celebramos o nascimento de Jesus como Filho de Deus, na Epifania, a manifestação de Jesus como salvador de todos os povos e nações, representados pelos reis magos.

No evangelho, os magos seguiram a estrela no oriente. Nos nossos presépios, na decoração, sempre colocamos a estrela. Esta estrela representa o sonho dos magos, pois sonhavam em encontrar o Messias e Salvador e seguiram o caminho para a realização deste sonho.

A estrela não é um astro no céu, mas o próprio Jesus que é luz para toda a humanidade. É também o sonho de Deus que, ao assumir a humanidade, quer a paz e a liberdade para todos. Sonho que se torna realidade na pessoa de Jesus, pois ele é a manifestação de Deus para todos os homens e todas as mulheres de boa vontade que lutam pela paz, pela justiça e pela preservação da vida e da criação.

Mas enquanto existe o sonho de Deus, manifestado na pessoa de Jesus, há também os interesses do poder e da riqueza manifestados na pessoa de Herodes. Para ele, Jesus é um rival religioso que deve ser eliminado. Herodes representa o projeto dos homens e mulheres que querem preservar seus próprios interesses. Para eles a estrela do sonho é simplesmente uma ilusão, uma ameaça, pois querem preservar o sistema de corrupção e injustiça que os favorece. É muito claro isto no Evangelho pois a estrela, o sonho, para de brilhar quando os magos chegam em Jerusalém, o centro do poder de Herodes. Só brilha novamente quando retomam o caminho na procura de Jesus, luz e o sonho para todos os povos e nações.

Depois de encontrar Jesus, os magos tinham uma escolha: seguir o caminho da estrela que apontava para a realização do projeto de Deus ou voltar pelo caminho de Herodes que representa a destruição e a morte. Escolheram o caminho da estrela e do sonho.

A festa da Epifania é justamente uma escolha, seguir o caminho de Herodes que leva à morte ou a estrela de Jesus que leva à vida. Para o cristão verdadeiro é preciso sempre ter na frente a estrela do sonho:

  • É a estrela da vida em comunidade que nos leva a vencer o individualismo para viver a fraternidade;
  • É a estrela da luta pela natureza que nos leva a reconhecer que toda criação é obra de Deus;
  • É a estrela do menino Jesus que na sua fragilidade, lembra as crianças, especialmente as crianças abandonadas e fragilizadas pela exploração. É preciso nos comprometer na luta pela justiça, o sonho de todas as crianças;
  • É a estrela de uma Igreja sinodal e missionaria que não visa seu próprio poder ou estrelismo de alguns que querem brilhar mais que Jesus;
  • E é a estrela que está na nossa frente e que nos guia para que possamos reconhecer que Jesus é o Salvador e que, pela sua morte e ressurreição, realiza o sonho de toda a humanidade.

Para concluir, lembramos o refrão de um canto muito conhecido “Eu quero ver” de Zé Vicente:

“Sonho que se sonha só pode ser pura ilusão. Sonho que se sonha junto é sinal de solução. Então vamos sonhar companheiros, sonhar ligeiro, sonhar em mutirão.”

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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