A Campanha da Fraternidade este ano refletiu sobre a Fraternidade e a Educação e como a educação é um serviço indispensável à vida. Lembramos como a educação é muito mais que simplesmente adquirir conhecimentos ou ampliar informações, pois é preciso sempre pensar na relação entre educação e sabedoria. Para buscar a sabedoria é preciso descobrir os apelos de Deus na vida e, diante da realidade, ser iluminado pela Palavra que nos orienta para a verdadeira sabedoria. Buscar a sabedoria de Deus na vida é a tarefa do cristão e o caminho para uma verdadeira transformação da realidade. Apesar desta nossa postura como cristãos, podemos ver que a realidade nos apresenta um outro quadro, somos cercados por sinais de morte.
Nos dias de hoje, enfrentamos a dura realidade da violação dos direitos das pessoas especialmente nas questões de educação, saúde e o descaso com políticas públicas em defesa da população com a falta de condições básicas de vida. A insensibilidade com os mais pobres e marginalizados, o aumento do desemprego, a destruição da natureza, a cultura do descarte e a relativização dos verdadeiros valores cristãos são todos sinais de morte. Em vez de uma educação que educa para a vivência da sabedoria de acordo com o plano de Deus, temos uma educação sem qualidade e que não atinge a vida dos educandos naquilo que é fundamental para o serviço à vida.
Apesar desta situação gritante do povo, continuamos a escutar notícias da corrupção na política. O dinheiro dos impostos que é destinado para a educação e outros serviços em benefício da população, é desviado por causa da busca do poder e do interesse individual daqueles que deveriam estar a serviço do povo.
Mesmo na questão religiosa encontramos sinais da falta de compromisso de fé. Há pessoas que ainda pensam que a Igreja deve ser simplesmente um dispensador dos sacramentos sem o comprometimento com o dom da vida.
Hoje é a festa da Assunção de Maria, uma festa da manifestação dos sinais da vida diante de inúmeros sinais da morte. Na primeira leitura do livro de Apocalipse, aparecem dois sinais: Uma mulher que está grávida, vestida do sol e uma coroa de doze estrelas. Depois, o dragão, cor de fogo, sete cabeças e dez chifres, com a cauda arrastava uma terça parte das estrelas do céu. O que representa estes sinais? A mulher é Maria, mas também a Igreja. O dragão é o mal, mas também o império do mal que era o Império Romano. Entre a mulher e o dragão não há como ganhar, pois, a mulher está grávida de vida nova e sem defesa. Ela representa as pequenas comunidades que estavam nascendo no meio do Império Romano como sinais de vida. Parece que não tinha como resistir, mas é a força de Deus que ganha diante do mal. Assim, o livro de Apocalipse quer mostrar que, mesmo diante de tantos sinais de morte, há sinais de vida que nascem da fé e da certeza de que o Reino de Deus nasce entre aqueles que não desistem, mas que acreditam na vitória do bem sobre o mal.
No Evangelho temos também o mesmo tema de sinais de vida que nascem no meio daqueles que acreditam na força de Deus. Escutamos sobre a visitação de duas mulheres que não podiam ficar grávidas e que se encontram. É o encontro da vida e da esperança: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42). Neste encontro Maria proclama a Magnificat, mostrando a sua fé na transformação realizada por Deus.
Maria anuncia: “Deus mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração” (Lc 1, 51). É Deus que derruba as autossuficiências humanas, confunde os planos daqueles que nutrem pensamentos de soberba, que se afastam de Deus e oprimem os homens.
Ao mesmo tempo, Maria confirma que Deus derruba a desigualdade humana, “derrubou os poderosos de seus tronos e elevou os humildes” (Lc 1, 52). Não quer aqueles que exploram os outros, mas aqueles que estão a serviço da vida para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações raciais, culturais ou políticas.
Ainda, Maria mostra que Deus confunde a classe baseada no dinheiro e na riqueza: “Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias”(Lc 1, 53). É preciso instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade, porque todos são filhos e filhas de Deus.
Podemos dizer que nesta festa da Assunção não é apenas uma verdade para se crer, mas sobretudo um mistério para penetrar. É o desejo de vida que todos nós temos. Celebrar a Assunção de Maria é também lembrar que, apesar de tantos sinais de morte, nós podemos ser sinais de vida e, mesmo cercados pelo grande dragão que sopra a morte e a destruição, nós somos capazes de vencer o mal pelo bem. Para isto acontecer é preciso viver conforme os desígnios de Deus, pois uma voz forte ainda proclama: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realiza do nosso Deus, e o poder de seu Cristo” (Ap 11, 10).
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo