Vamos usar nossa imaginação e fazer uma viagem ao passado, ao tempo de Jesus. Nesta viagem queremos nos encontrar com dois pilares da fé, Pedro e Paulo. Vamos nos encontrar com estes dois apóstolos e conhecer melhor a vida deles e o mundo em que eles viviam. Ao mesmo tempo, ao viajar, não podemos esquecer de onde partimos, isto é, da nossa casa, do nosso mundo e do nosso tempo.
Primeiro, vamos conhecer Pedro, um pescador e por isso, considerado pecador e impuro pelos fariseus e mestres do seu tempo. Os pescadores, como todo o povo pobre da época, eram muito explorados. A sociedade em que viviam era muito violenta e o povo era explorado e dominado, tanto pela religião como também pelo Império Romano. Pedro era de cabeça dura, não entendia bem as coisas, mesmo assim, esperava algo, uma vida nova com dignidade e respeito. Um dia ele estava pescando e escutou o ensinamento de um homem chamado Jesus. Depois de falar às multidões do barco na beira da praia, este homem mandou jogar as redes e avançar para as águas mais profundas. Pedro duvidou, pois tinha passado a noite pescando sem pegar nada, mas, mesmo assim, jogou as redes e aconteceu a pesca milagrosa. Podemos nos colocar no barco com Pedro e tentar compreender o que ele sentiu quando viu a pesca milagrosa. Ele se joga aos pés de Jesus e disse: “Senhor, afaste-se de mim, pois sou um pecador!” Mas Jesus disse a Pedro: “Não tenha medo! De hoje em diante, você será pescador de gente” (Lc 5, 8-10). Algo mexeu com ele, era um novo dia, nova esperança, de tal ponto que Pedro foi capaz de deixar tudo, rede, barca, pai para seguir Jesus que era poderoso em palavras e ações. Mais tarde, no caminho de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” A resposta dos discípulos foi do ouvir dizer: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas.” Mas Jesus não queria saber o que o povo andava dizendo, queria saber deles mesmo: “E vós quem dizeis que eu sou?” Daí vem a grande profissão de fé de Pedro: “Tu és o Messias o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 14-16). Para Pedro Jesus não era só um homem, mas Emanuel – Deus conosco e o Salvador. Foi por isso que foi difícil para Pedro aceitar que Jesus iria morrer, pois quando Jesus fez o anúncio da sua paixão e morte, Pedro repreendeu Jesus: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” (Mt 16, 22). Pedro não somente não compreendeu, mas também negou Jesus, pois ainda não entendia que seguir o Messias também significa dar a vida. Na leitura dos Atos, Pedro também enfrentou sua Páscoa. Ele foi condenado a morrer para satisfazer os Judeus, mas foi salvo da morte pelo anjo. Deus que salvou seu próprio Filho da morte e o ressuscitou, fez a mesma coisa com Pedro.
Agora, vamos conhecer Paulo. Paulo era de Tarso, judeu, educado na lei na escola de Gamaliel. Ele era um Fariseu zeloso a tal ponto de considerar a Lei dos Judeus como razão de sua vida. Paulo era também cidadão Romano, conhecia o mundo romano com suas cidades, comércio, luxo e riqueza a custo da escravidão e exploração dos povos. O que marcou a vida de Paulo era sua determinação a tal ponto de fazer todo sacrifício para conseguir o que acreditava e era viajante.
Podemos nos colocar na estrada de Damasco com Saulo quando ele pensava em perseguir os cristãos porque não podia tolerar esta nova crença em Jesus, morto e ressuscitado. De repente uma luz envolve Saulo, ele cai por terra e fica cego. Foi o encontro com a luz do mundo, uma luz que resplandeceu para Saulo que andava na escuridão. Não só o corpo caiu por terra, mas tudo que ele era, zeloso na Lei, rigoroso na perseguição, e agora durante 3 dias ficou cego. Como Jesus ressuscitou para vida nova, Paulo recuperou a vista e enxergou nova luz. Ele podia escrever: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4, 7). Ele se tornou o grande apostolo que levou a mensagem do Evangelho a toda parte formando novas comunidades e incentivando os seguidores de Jesus pelas suas cartas e ensinamentos.
Agora vamos voltar à nossa casa e ao nosso mundo. É bem diferente do mundo de Pedro e Paulo, temos outros desafios e dificuldades, as realidades são diferentes, mas as trevas continuam. Hoje em dia temos os meios de comunicação que projetam falsos valores e notícias falsas. Há também a concentração da população nos grandes centros urbanos, a corrupção na vida pública e o desrespeito pelo povo nas questões da educação, saúde, segurança e políticas públicos a favor do povo e do bem comum. Mas também temos o grande desafio da fé: ser uma Igreja fiel aos ensinamentos de Jesus na sociedade pluralista em que vivemos. Não é como antigamente quando todos eram católicos e todos pensavam do mesmo jeito. Nas nossas casas já tem divisão, tanto na religião como na maneira de pensar e os valores que vivemos.
Precisamos de novas respostas para estes desafios de hoje. Celebrar a festa de hoje, é lembrar que temos o exemplo de Pedro e Paulo que enfrentavam as trevas e os valores contrários do Reino para viver uma fé autêntica e manter a fidelidade na vivência do amor e da justiça. Para isto, como Pedro e Paulo, precisamos do encontro com Jesus ressuscitado e neste encontro descobrir o sentido e o desejo de viver a fé em Jesus e pertencer a comunidade eclesial. Pedro e Paulo são exemplos para esta caminhada que também nós precisamos fazer, pois como Pedro podemos dizer: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” e como Paulo: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo