“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá”. Jo 11, 25
Frei José Dubán Vargas, OFM, faleceu às 12h15 na segunda-feira (29) no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em decorrência das complicações da Covid-19. No começo de fevereiro, o frei tinha sido internado na Unidade de Pronto Atendimento – UPA, e após alguns dias precisou ser transferido para a UTI do Hospital Regional do Baixo Amazonas.
Natural de Bonafont – Colômbia, Frei Dubán tinha 59 anos. A medicina alternativa e a Vida Religiosa Franciscana foram suas grandes paixões e a conciliação dessas duas paixões era o que mais trazia felicidade ao Franciscano. Frei Dubán completou 25 anos de vida religiosa no dia 14 de janeiro de 2021. Dias antes dessa data, durante uma conversa informal, ele comentou que era feliz por tudo que tinha construído em todos esses anos. Na oportunidade lhe foi perguntado o porquê de não ter ficado no país em que nasceu. Sempre sorridente, frei Dubán respondeu ser muito grato por ter encontrado aqui subsídios suficientes para viver sua vida religiosa, fazer seu trabalho e amenizar a saudade do país de origem. Graças às visitas de frades, como frei Alex Assunção e Frei Florêncio, da Custódia São Benedito da Amazônia, frei Dubán foi instigado a deixar a Colômbia para conhecer o Brasil. Chegando aqui, encontrou um lugar especial para levar a palavra de Deus. Seu sonho em ser missionário em terras estrangeiras estava sendo realizado.
O mato, as plantas, as flores e tudo extraído da natureza ganhava novo significado nas mãos do Frei Dubán. Sua paixão era tamanha que chegou a se especializar em medicina alternativa na China. No Brasil passou por Universidades de Fisioterapia em Manaus, Boa Vista e finalmente concluiu o curso em Santarém, sendo outorgado no mês de fevereiro, quando já estava no hospital. Nunca mediu esforços para aprender e depois ajudar aqueles que mais precisavam. O cuidado pelo outro e por toda a criação era o tema da vida que ele carregava consigo.
Frei Dubán morou por muitos anos em Manaus onde serviu com muito carinho as comunidades dos bairros do Mauazinho, Petrópolis e São Raimundo. Muito simples, cativava a todos com suas homilias falando da relação de Deus com o povo no dia a dia. Com palavras fortes, incentivava as comunidades a oferecer o pouco que tinham com aqueles que não tinham nada. A alegria maior era poder terminar a missa e partilhar de uma deliciosa sopa com todos na frente das capelas.
Em 2017 frei Dubán foi transferido para Boa Vista e alí também, montou seu consultório e serviu ao povo da Diaconia São Bento. Em 2020 foi transferido para Santarém. Estudou no Instituto Esperança de Ensino Superior, onde inspirou a muitos contando a história do fundador da instituição, Frei Lucas Tupper. Mesmo sendo novo em Santarém, frei Dubán fez amizades e cativou a todos, por isso sempre era possível encontrar pessoas na recepção do convento procurando pelo frade.
O Colombiano apaixonado pela Amazônia Brasileira, fez sua páscoa nesta terra de missão e cheias de riquezas que agora guarda em seu seio, o corpo de um índio-colombiano-franciscano-curador, que não escolheu morrer aqui, mas que repousará nestas terras que tanto amou. Em nossas memórias ficará lembrança do frade sorridente tão querido por muita gente.
Concluo este texto com as palavras do frei Fábio Vasconcelos que escreveu assim:
“Descansa, Irmão
se embale na rede da eternidade
tecida nos fios da Santa Semana
que agora, você celebra com toda irmandade..
No festim pascal em que dança toda a criação….
Com as plantas que sempre amastes
Com os pobres de quem cuidastes
Nos tambores e nas toadas de todos os cantos ameríndios.
Descanse sobre o solo da Amazônia.
O pranto que desce da Colômbia não seja jamais esquecido
E o teu sorriso largo e o teu viver alegre
guardemos em compromisso de bendita memória
Somada a grande anamnese do Libertador,
Quem ama tem a missão de guardar no coração
Os fatos, as liturgias, as alegrias, teu modo de encantar
guardamos a linguagem do bem querer
E acima de tudo a tua vida de servidor do Reino.
Descansa no Rio da Páscoa
onde nessa hora tu mergulha
como criança a se banhar.”