Grupo de teatro Kabi Kaxi lança documentário sobre peça franciscana

Encenação de “Vamos minha gente”. Foto: Acervo do Grupo Kabi Kaxi.

 

A peça teatral  intitulada “Vamos minha gente” é originalmente italiana mas foi traduzida para o português e apropriada para a linguagem amazônica.  “Vamos minha gente” é encenada pelo Grupo de teatro Franciscano Kabi Kaxi desde 2018 na cidade de Santarém e cidades vizinhas no oeste paraense. A dramaturgia de inspiração franciscana ganhou o gosto popular e no último dia 28 de setembro chegou às redes sociais através de um documentário sobre a montagem da peça. Através de uma entrevista virtual para a assessoria de comunicação da Custódia São Benedito da Amazônia, Marcos Rodrigo, diretor do grupo, contou alguns detalhes.

Figurino de estilo medieval usado na produção. Foto: Acervo Kabi Kaxi.

O Documentário 

O documentário sobre a peça teatral “Vamos minha gente” foi possível depois que o grupo Kabi-Kaxi foi contemplado com o recurso proveniente da Lei Federal nº14.017, de 29 de junho de 2020, disponibilizado pela Secretaria de Estado de Cultura do Estado do Pará.

Segundo o diretor da peça, Marcos Rodrigo, o projeto foi feito para substituir as apresentações que não podem ser realizadas por causa da pandemia . “A ideia do documentário surgiu depois de sermos contemplados com a Lei Aldir Blanc na modalidade de teatro. Como não podíamos nos apresentar devido a pandemia, então, tínhamos que produzir um material que substituísse nesse primeiro momento nossa apresentação para executarmos o projeto que ganhamos. Em uma reunião com a equipe, nós decidimos contar um pouco a história do surgimento desta peça em forma de documentário. O documentário não é de uma apresentação da peça, mas sim, uma forma de contar como a “Vamos minha gente” surgiu e foi construída”, contou o diretor.

Palco montado para a apresentação. Foto: Acervo do Grupo Kabi Kaxi.

A Peça de Teatro “Vamos minha gente”

A peça conta a história de São Francisco de acordo com a ótica do pai dele, Pedro Bernardone, que não aceitava que o filho fosse aquele homem Santo. De acordo com o Marcos Rodrigo, depois que estavam com a tradução do projeto em mão, eles partiram para campo em busca de elenco, equipe técnica, produção, cenário, etc. “O primeiro ponto foi escolher alguns personagens, especialmente aqueles que marcam o enredo do espetáculo. Escolhemos o Eduardo Campos para o papel de Pedro Bernardone (pai de São Francisco) e a Edina que faz a personagem da mendiga. Estes dois eram fundamentais que dessem certo. Tivemos o apoio do Juliano que nos ajudou com algumas oficinas de teatro e com a ajuda e dedicação de todos, deu tudo certo nas escolhas desses atores. No decorrer do tempo, fomos apenas encaixando as demais personagens”. Relembrou o Rodrigo.

Mas os trabalhos estavam apenas começando. Conforme nos contou o diretor do projeto, antes da peça ser apresentada pela primeira vez, muita coisa precisou ser feita. Oficinas, ensaios, adaptação da linguagem, cenário, patrocínio, enfim, tudo precisou ser pensado e programado antes do grande dia.

Dia 20 de dezembro de 2018, foi realizada a primeira apresentação da peça na comunidade de Sant´Ana. Os convites foram aparecendo, e a peça foi apresentada em outras cidades paraenses. A última vez que o grupo se apresentou foi em janeiro de 2020, na comunidade São Paulo Apóstolo. Com a pandemia e os trabalhos foram interrompidos deixando uma equipe de 35 atores e 15 técnicos sem poder fazer o que mais gostam: Teatro. 

Apesar do sucesso, o diretor nos conta que o grupo tem encontrado dificuldade para continuar. A maior dificuldade para manter a peça, segundo Marcos Rodrigo, é a questão financeira, porque a cada espetáculo é gerado um custo. “O transporte, o manejo dos equipamentos são custos que temos todas as vezes que nos apresentamos. Então, o que mais dificulta para nós é que não possuímos um transporte e acaba que em cada lugar que vamos nos apresentar temos que alugar o ônibus para levar as pessoas e uma outra condução para levar os equipamentos e isso sai pesado financeiramente e acaba sendo a nossa maior dificuldade para manter a peça.” – Ressaltou. 

A maior parceira do grupo tem sido a Custódia São Benedito da Amazônia. Alguns frades da Custódia foram essenciais neste processo. Frei Paixão, por exemplo, foi quem conseguiu com o Padre Graciano Cirina (in memória) a tradução da peça do italiano para a língua portuguesa. Frei Ulysses Calvo também botou a “mão da massa” especialmente pensando e confeccionando o figurino dos personagens.

 

Quem é o Grupo Kabi Kaxi

O Grupo Kabi Kaxi é um grupo franciscano de teatro que evangeliza através da arte. O grupo já tem uma caminhada de 10 anos dentro da comunidade de Sant´Ana (Paróquia Cristo Libertador), em Santarém – Pará, mas a evangelização pelo Kabi Kaxi é feita no lugar que a missão é dada. Além do espetáculo “Vamos minha gente”, o grupo também apresenta a  “Paixão de Cristo”.

O grupo sempre procurou se inovar e não ficou apenas na arte cênica. Apresentações musicais e coreográficas fazem parte da atuação do Kabi Kabi. Além disso, hoje o grupo desenvolve trabalhos específicos com o público infantil, jovem, adulto e da terceira idade.

O nome do grupo foi dado por Frei Ulysses Calvo e o significado é em munduruku, Kabi – Sol e Kaxi – Lua. O nome deu muito certo e acabou sendo sonorizado nas comunidades por onde passam.

A intenção do grupo é voltar com todas as atividades assim que conseguirmos superar esta pandemia. “Estamos começando a articular nossa volta presencial. Os interessados em nos chamar para alguma apresentação é só entrar em contato pelas nossas mídias sociais que estamos atendendo por lá”, concluiu Marcos Rodrigo.

 

Sabrina Gonçalves

 

 

Assista ao documentário disponível no canal do Youtube do Grupo Kabi Kaxi.

 

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