
Foto: Arquivo Pessoal/Frei Paixão
Desde a invasão da “terra brasilis” pelos europeus, de modo particular os portugueses, no século XVI, a população brasileira vem sendo formada por um amontoado de culturas, marcada sobremaneira pela cultura dos brancos que foi imposta à ferro e fogo. E mais triste, imposta sob o signo da Cruz de Cristo, trazida na forma do catolicismo português que respirava toda a imposição da cultura eurocêntrica. Infelizmente essa era a mentalidade da época, mas havia gente que pensava ao contrário. Dentre esse amontoado de tradições culturais, uma que foi muito forte e perdura até hoje em todas as regiões do Brasil, foi aquela das festas juninas, quando se celebra a devoção aos Santos Populares: Antônio, João e Pedro. Faz tempo que na quadra junina me fiz padrinho de uma amiga dizendo assim: “Santo Antônio disse, São Pedro confirmou, que tu haverás de ser minha afilhada, que São João mandou”. E isso, passando três vezes em torno da fogueira. Tempos bons que não voltam mais.
Junho é sem dúvida um dos meses mais alegres e festivos do calendário cristão. E de onde vem essa tradição? Herdamos a cultura européia trazida com os portugueses. O início das comemorações no mês de junho se deu em virtude do solstício de verão, e as fogueiras acesas marcavam o período de união das comunidades envolvidas. Apesar da celebração ter se iniciado em regiões de tradição pagã, foi a Igreja, que ao se propagar por tais lugares, uniu as datas à celebração dos seus Santos e feriados, como São Pedro, São João e Santo Antônio, por exemplo.
Na Amazônia, como em todo o resto do Brasil, sobretudo no Nordeste, as festas juninas tem uma dimensão muito popular. Primeiro por causa das festas religiosas que celebram a devoção a Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho), santos muito populares no imaginário do povo brasileiro. Depois, por causa do folclore advindo desses festejos e que ultrapassou o âmbito religioso e se tornou uma tradição intracultural. A participação nos cordões, nos folguedos, nas danças, etc. é inclusiva e atrai muita gente, sobretudo os menos privilegiados, uma vez que não se precisa tanto para participar dessas manifestações. Em alguns lugares, já se elitizou tais práticas, porém, na sua maioria as festas são comumente bem populares.
Infelizmente muitas boas manifestações juninas foram abandonadas pela modernidade e novas formas de expressões. Alguns resistem e são momentos belos de confraternização e desconcentração do povo: as quadrinhas, os bois, os pássaros, o carimbó, o casamento na roça, e assim por diante. Mas podemos criar novas formas de manter a amizade e a alegria entre nós. Isso faz parte do Reino!
Frei Paixão ofm