
Foto: Frei Erlison Campos, OFM
A celebração de Nossa Senhora em Maio
No mês de maio celebra-se o Dia das Mães. A Igreja, enquanto mater et magistra, dedica este mês a Nossa Senhora, a Mãe de Deus (Theotókos) e nossa Mãe. Recordamos isso no Evangelho de São João, no qual o Cristo, no alto da cruz, ao ver sua mãe e o discípulo amado a oferece como mãe de toda a humanidade (Jo 19, 26-27). Talvez esse seja um dos motivos pelo qual a coroamos a virgem neste mês.
Outro motivo tem seus fundamentos sólidos na Tradição da Igreja, mais precisamente no século XIII, quando, até então, estava ligada à comemoração pagã da chegada da primavera e a colheita das flores, tornando-se costume na Igreja coroar a Virgem Santíssima, a flor mais bela, como Rainha do Céu e da Terra. Também São Felipe Néri, o Santo da Alegria, tinha o hábito de homenagear a Virgem Mãe com uma coroa de flores, sempre ao final do mês de maio.
Com o passar do tempo, a devoção à Santíssima Virgem ganhou proporções históricas mundialmente conhecidas, basta lembrarmos das muitas festas litúrgicas marianas realizadas neste mês: primeiro a sua aparição em Fátima, no dia 13 de maio de 1917; a devoção à Senhora Auxiliadora promovida pelo Papas Pio V (1517) e Pio VII (que fixou a data da comemoração no dia 24 de maio de 1816), com devoção posteriormente difundida por Dom Bosco e, por fim, a festa da Visitação de Nossa Senhora realizada no dia 31.
No Brasil, as devoções marianas têm um destaque especial. Os portugueses que aqui chegaram no início da colonização trouxeram consigo, não somente o desejo de desbravar o Novo Mundo, mas também a religiosidade popular e a devoção mariana. Pensamos, por exemplo, na devoção a Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, e Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, que até hoje inspira o imaginário popular religioso de muitos devotos que encontram em Maria a sua filiação adotiva.
A coroação da Imagem da Virgem Maria
Segundo o Pontifical Romano, na liturgia, existem atualmente três formas de celebrar a Coroação de Nossa Senhora. A primeira é dentro da Celebração Eucarística; a segunda, dentro da Celebração das Vésperas e a terceira, dentro da Celebração da Palavra de Deus. Todas têm como ponto alto a solene imposição da coroa na imagem da Santíssima Virgem. Há de se destacar que, conforme prevê o Pontifical, caso a imagem de Maria tenha o Menino Jesus nos braços, o menino é coroado em primeiro lugar.
No entanto, encontram-se adaptadas às diversas realidades culturais. Em algumas dessas localidades ocorre a entrada de outros elementos, como: o Rosário, no qual se contemplam os mistérios da salvação; o véu, que representa a virgindade de Maria e a Coroa, trazida na maioria das vezes por crianças, que representa a sua realeza.
Por fim, o Papa Francisco, em seu pontificado, nos recorda que Maria é exemplo de humildade e disponibilidade à vontade de Deus, também é presença de esperança e verdadeira alegria evangélica, um modelo a ser seguido ainda hoje. Coroar Maria é, antes de tudo, reconhecê-la como Rainha, sem perder de vista sua simplicidade.
Frei John Araújo,
Fraternidade São Boaventura.