Neste ano o tema do mês missionário é bem motivador. Desde a nossa simples presença com o povo Munduruku eu gostaria de partilhar um breve pensamento com vocês.
No primeiro lugar e como ponto de partida da dinâmica missionária, sinto o dever de deixar Jesus ocupar o lugar de Mestre e Salvador. Sem dúvida a vivencia da intimidade com O Senhor na Palavra, na Eucaristia e na fraternidade faz que o nosso coração seja transformado e renovado pelo fogo do Espírito, não conseguindo conter essa experiência: “Mas eu a sentia dentro como fogo ardente encerrado nos ossos” (Jr 20,9), mas sim “saindo sempre de si quebrando a costra do egoísmo” (Dom Helder Câmara). A partir dessa vivência pascal (Lc 24,32) será possível se colocar a caminho “sem demora”, como fizeram os discípulos de Emaús (Lc 24,33-35) e a mesma Maria ao receber o anuncio (Lc 1,39).
No segundo lugar (e como consequência do anterior) será colocar meus pés a caminho no anúncio do Reino. Vale lembrar a dinâmica que nos apresenta Marcos no evangelho (3,13-15) onde depois da intimidade com Ele vem a saída missionária. Não se tem fé, se não vivermos estas duas realidades: intimidade e anúncio (tal vez dois momentos da mesma realidade). E o caminho nos indica duas coisas: a primeira é que o caminho nos orienta numa direção, nos coloca um horizonte de sentido. Muitos hoje “caminham sem saber para onde estão indo”. Nós irmãos menores, procuramos viver nossa inerência seguindo ao Cordeiro aonde Ele for (Ap 14,4). A segunda coisa é que a nossa fé, a nossa vocação de discípulos missionários vai crescendo nessa caminhada. A nossa consagração amadurece em saída, sempre!!!
A vida missionária junto ao povo Munduruku particularmente me ensina a “gastar alegremente a vida”[1] como frade menor. Eu sou ciente que temos muitas formas e expressões missionárias que estão sendo feitas com muita entrega e fidelidade em nossa “querida Amazônia”, mas no pessoal esta vida na mundurukânia faz com que o senhor aos poucos possa entender meu coração e me colocar a caminho para partilhar que Ele vá me salvando. Tem sim momentos de cansaço e de incomodidade, porém o cotidiano traz aquilo que eu percebo com força: a presença do Deus das promessas e das alegres surpresas…
Frei Sebastião Robledo, ofm
[1] https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2023/september/documents/20230902-mongolia-clero.html