
Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM
Neste dia 25 de dezembro, celebramos o nascimento de Jesus, Filho de Deus e nosso Salvador. Mas, por que celebramos Natal neste dia e será que Jesus realmente nasceu no dia 25 de dezembro? Com certeza, todos nós vamos responder que sim, mas se olharmos bem para os evangelhos e os escritos do Novo Testamento, vamos descobrir que em nenhum lugar menciona que Jesus nasceu neste dia. De fato, não sabemos o dia exato em que Jesus nasceu! Então, por que foi escolhido este dia para celebrar o nascimento de Jesus? Tem uma longa história e a resposta vem de uma festa que se celebrava muitos anos antes do nascimento de Jesus – a festa do sol inconquistável. Esta festa era celebrada no dia 25 de dezembro, pois era o dia mais curto do ano no hemisfério norte. Antes deste dia, o sol quase desaparece, mas é a partir desta data que os dias começam a ficar mais longos e sol começa a aparecer novamente, em outras palavras, o sol não pode ser conquistado, pelo contrário ele vence as trevas. Os cristãos vendo a importância desta festa do sol inconquistável, compreenderam que Cristo é o verdadeiro sol, o Filho de Deus, que vence as trevas e é inconquistável pela sua ressurreição.
De fato, Jesus é esta luz, predito pela profecia de Isaias: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is. 9,1). Na continuação da sua profecia, Isaías descreve a missão do menino que nasceu: “Foi nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz” (Is 9, 5-6). Por causa da prática de fé dos primeiros cristãos, Jesus foi reconhecido como uma grande luz que ilumina o mundo, dissipando as trevas do egoísmo e do pecado e vencendo as trevas e as sombras da morte para instaurar o mundo novo da justiça, da paz e da felicidade.
No evangelho de São Lucas, escutamos o relato do nascimento de Jesus: “Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura” (Lc 2, 6-7). Jesus, pelo seu nascimento, já se coloca no lugar dos marginalizados e é reconhecido primeiramente pelos pastores que velavam nos campos: “A glória do Senhor os envolveu em luz”, e o anúncio do anjo: “Hoje na cidade de Davi nasceu para vocês um salvador que é o Cristo Senhor”. O hoje é importante pois não significa somente o dia em que Jesus nasceu, mas todos os dias, pois é o tempo novo que Deus inaugurou na história humana. É aos pequenos, representados pelos pastores, que Deus revela seu plano de amor e salvação. E toda criação participa deste “hoje” onde a vida vence a morte e a luz vence as trevas. Portanto, nós também participamos deste hoje, pois o que celebramos agora não é somente o nascimento de Jesus que aconteceu há dois mil anos, mas a encarnação de Deus e da sua palavra que acontece hoje e por todos os tempos.
Portanto, neste “hoje” contemplamos a luz que emana do presépio e lembramos também como Francisco de Assis queria reviver no seu “hoje” o nascimento de Jesus. Foi no ano de 1223 que ele montou o primeiro presépio para lembrar o menino que nasceu, como foi posto no presépio e ver com os próprios olhos como o menino foi deitado em cima da palha entre o boi e o burro. Naquela noite, vieram as Clarissa e frades de todos os cantos com tochas nas mãos para iluminar aquela noite, não só com a luz do fogo, mas com a luz do menino que nasceu.
Também neste “hoje”, mesmo que sejamos cercados por trevas como a maldade das pessoas, a ganância pela riqueza, o desrespeito à vida tanto das pessoas como da natureza e a sede do poder e da dominação, nós que acreditamos em Jesus, queremos enxergar a luz. Não somente isto, confirmamos o compromisso de habitar nesta luz pela pureza de coração, pela partilha dos bens, pelo respeito à vida e à toda criação e pelo amor manifestado no serviço aos irmãos. Por isso, hoje, podemos também dizer: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam na sombra da morte, uma luz resplandeceu”.
Por: Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.
A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo