Nota de pesar e solidariedade pelo falecimento da benfeitora Maria Helena Figueira

Foto: Arquivo Pessoal

A Custódia São Benedito da Amazônia, manifesta todo pesar e solidariedade aos familiares e amigos de Dona Maria Helena do Carmo Figueira pelo seu falecimento. Dona Maria Helena, era benfeitora da Custódia.

Na certeza da ressurreição em Cristo Jesus, nos unimos em preces e orações e externamos nossas mais sinceras condolências. Que Nossa Senhora Imaculada Conceição, padroeira da Arquidiocese de Santarém, interceda por esta missionária, rogando ao seu Filho Jesus que o Pai a acolha em seu Reino de Amor.

Compartilharemos com carinho o texto lido na Missa do 7º dia de Dona Maria Helena do Carmo Figueira

Maria Helena do Carmo Figueira, a tia Helena para muitos, nasceu em 19 de julho de 1942, na comunidade Uricurituba, às margens do Rio Tapajós. Filha de Pedro Alves do Carmo e Virgínia Maria do Carmo.

Helena estudou até a 5ª Série, sendo o suficiente para atuar como professora em comunidades ribeirinhas. Aproximadamente aos 18 anos foi, juntamente com sua irmã, Terezinha, 2 anos mais velha, morar e dar aula na vila Boim. E foi em Boim, que o Helena foi convidada pelo Bispo Dom Tiago Ryan para dar aulas em Suruacá, outra comunidade margeante do Rio Tapajós. Em Suruacá casou aos 19 anos e teve uma filha e sempre participou ativamente na comunidade. Morou em mais outra comunidade ribeirinha, Solimões, e depois veio para a cidade de Santarém. Ao todo, teve 6 filhos (Marilene, Laurimar, Lauro Roberto, Marileuza, Patrícia e Laura Márcia).

No início dos anos 70, morando no bairro Liberdade, Helena participou das atividades catequéticas, junto ao Frei Leão e de atividades folclóricas, criando o cordão junino “A cobra coral”. Em 1975, Helena veio morar no bairro Livramento, com forte atuação na organização comunitária, através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Na comunidade Helena foi ministra da Eucaristia, orientou os sacramentos de Primeira Comunhão, Crisma, curso de Pais e Padrinhos, e a CEB. De caráter altruísta, sempre esteve disposta a ajudar o próximo.

As condições de vida no livramento eram difíceis, o que incomodou muito. As reflexões partindo de uma leitura guiada pela Teologia da Libertação, Helena, juntamente com o Frei Miguelão e outros comunitários, debatiam sobre como melhorar a vida dos cristãos na terra, e não apenas esperar chegar à Terra Prometida, depois de mortos.

Assim, surgiu a necessidade da sua participação em movimentos sociais: o MCC (Movimento Contra a Carestia), o MOP (Movimento Popular), o Revendão (compra e venda de produtos comunitários sem objetivo lucro), a Associação de Moradores e a FAMCOS (Federação das Associações e Organizações Comunitárias). Nas reflexões que Helena e seus companheiros de movimentos sociais realizavam, consideravam que a luta por direitos se ampliava e viam a necessidade de ocupar mais espações. Iniciaram na Igreja, depois as organizações de bairros e agora viam a necessidade da  participação política, daí sua inserção como militante no Partido dos Trabalhadores.

A educação escolar continuou fazendo parte da vida de Helena. Em homenagem ao valoroso, Frei Miguelão, Helena criou a “Escolinha de Educação Infantil Frei Miguel” (o primeiro nome foi “Anelzinho”). A escola persistiu por 27 anos e contribuiu com a formação de muitas crianças do bairro de 1981 a 2008. Helena sofreu perseguição.

Cultura e arte foram frequentemente na sua vida. Compôs letra e canto para o PT-Santarém, para o MOES, para o MOP e também para os festejos de Nossa Senhora do Livramento. Atuou no filme “Lamparina” e sociodramas utilizados para a reflexão crítica e social, como a “Cobra acorda gente”. Bem, antes dessas experiências, Helena fazia poesias e músicas para a comunidade Suruacá, participou da Feira da Cultura Popular de Santarém, no qual as comunidades do interior vinham participar dos concursos. Helena incentivou os seus filhos à prática de manifestações de artes sob as perspectivas estéticas e sociais.

Helena Figueira foi homenageada na Câmara Municipal de Santarém, como “Cidadã de Santarém”, pela passagem do aniversário da cidade e por indicação da Odete Costa, vereadora na época. Helena viveu intensamente as suas opções de vida e com muita resiliência em face das inúmeras dificuldades que se lhe apresentavam. Tudo o que realizou convergiu para o bem comum florescer. O seu legado de mulher lutadora por um mundo digno e cristão permanece em nós, filhos, filhas, netos, bisnetos, companheiros e companheiras de caminhada.

“Em tudo o que você fizer, seja sempre humilde, guardando zelosamente a pureza de seu coração e a pureza de seu corpo”. (Padre Pio)

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