O Advento da Igreja Sinodal

Foto: Arquivo da Custodia

 

O tempo do Advento nos traz uma mensagem de esperança e nesta caminhada sinodal também sentimos a alegre expectativa pelo novo que vem. Ressoam fortes a ideia do Reino que veio e que vem, na encarnação e parúsia. As duas vindas de Cristo nos colocam em um caminho na história e para além dela, que a Igreja pretende trilhar de forma sinodal. Sinodalidade é uma expressão que evoca o caminhar juntos. A palavra advento nos dá a ideia de presença permanente, Deus que vem, e a nossa chegada até Ele. Temos então um percurso para comunhão no “achegar-se” junto dele que vem ao nosso encontro. O Advento do Senhor é advento da Igreja nova.  

O Advento é um tempo caminhante para a novidade que Deus nos prepara. Tempo de escuta, comunhão e missão. Os textos bíblicos nos remetem à preparação dos caminhos do Senhor e da Igreja que com Maria se põe na estrada do serviço. A gestação sinodal deve dar à luz a alegria de uma comunidade que sempre se renova, como o menino Deus. O advento é um tempo de escuta e preparação, assim como a caminhada sinodal nos coloca a necessidade de ouvir os clamores de Deus e os sinais dos tempos. Essa irrupção de Deus na nossa humanidade é como vento que sacode as coisas. Preparar os caminhos do Senhor, implica hoje no caminhar juntos. 

 

Compartilhamos os sonhos e esperanças, mas também os sofrimentos e incertezas. O apelo a caminhar juntos nestes tempos de luto e sofrimento nos convida a sermos semeadores da esperança. “Muito suspira por Ti” é um canto de autoria de Geraldo Leite Bastos que sintetiza bem essa expectativa em conjunto. Esperamos o Santo Messias em comunhão, participação e missão. A nação que sofre junto, a qual “enchem de dor”, também é aquela que espera e luta por novos tempos. A Igreja no advento deste sínodo é chamada a “fazer germinar sonhos, suscitar profecias e visões, fazer florescer a esperança, estimular confiança, enfaixar feridas, entrançar relações, ressuscitar uma aurora de esperança, aprender uns dos outros e criar um imaginário positivo que ilumine as mentes, aqueça os corações, restitua força às mãos” (Papa Francisco, 2018). Somos aqueles que no espaço do Advento se põem a mirar o sol que nasce da aurora. Estamos nos passos daquele “novo que sempre vem”, como cantam os nossos artistas.

Outra imagem coletiva do Advento é a de um povo em expectativa. “Jerusalém, Povo de Deus, Igreja santa, levanta e vai, sobe as montanhas, ergue o olhar” (Reginaldo Veloso) é o que cantamos numa união sinodal, para recordar que somos um povo que caminha junto na esperança. “Este povo que escolheste, sua sorte melhoraste”, tomado da expressão do salmista, nos lembra que vamos trilhando o Advento da comunhão. Essa eleição não é exclusivismo, mas serviço e testemunho universal. A alegria é outra tônica deste tempo, uma feliz espera e caminho sinodal com suas releituras e mudanças nos enche de felicidade. É a alegria de um encontro com o Senhor e os irmãos.  

Esperamos que esse tempo do Advento vivido em chave sinodal nos ajude a perceber que partilhamos esperanças no caminho com o Senhor. Nesta oportunidade da vida eclesial somos convidados a mudar os nossos passos para acolher o Reino. Percebamos que estamos no Advento de uma “Igreja sinodal” que acende as luzes da escuta, comunhão, participação e missão e o sonho do fim do clericalismo que imbeciliza e do autoritarismo que atrofia.

Frei Fábio Vasconcelos, OFM

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