Santarém (PA) – Na cidade de Santarém não se fala em outra coisa! Chegou o dia da Ordenação Presbiteral de Frei Erlison Campos. Ele será ordenado presbítero nesta quinta-feira, 29 de junho, pela imposição das mãos do Dom Bernardo Johannes Bahlmann, bispo diocesano de Óbidos (PA), na Igreja São Miguel Arcanjo de Santarém, às 19h30.
Frei Erlison Campos escolheu um versículo do Evangelho de São João como lema de sua ordenação: “Para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,11).
Um dia antes deste importante passo na vida de Frei Erlison, conversamos com Dona Maria Aparecida Rodrigues Campos, sua mãe que tem quatro filhos: Ciderli, Erlison, Everson e Eduardo.
Dona Maria partilha que os últimos dias tem sido muito corridos, mas que a comunidade abraçou juntos a missão de preparar a Ordenação de Frei Erlison. “A gente tem algumas preocupações pra dar tudo certo, mas eu confio que o Espírito Santo está na frente. Tem horas que eu choro, tem horas que estou sorrindo, mas é um choro de alegria. É um misto de emoções. Desde que ele viajou para os Estados Unidos eu já esperava por esse dia. Era pra eu ter ido na Ordenação Diaconal lá, mas não passei no visto, então tive que assistir de casa”.
Maria Aparecida, mais conhecida como Cida, conta emocionada que seu coração está cada dia mais acelerado com a espera deste momento. “Cada vez que eu falo com as minhas amigas, elas dizem ‘parabéns, que bom ter um filho assim, vai ser padre, você é muito privilegiada por isso`. Essas palavras me emocionam, mais do que já estou. Pra mim é um prazer, é um presente de Deus. Mas eu não quero chorar, porque o Erlison disse que sou feia chorando”, brincou.
Segundo Cida, o Erlison quando criança foi bem levado e aprontou algumas peripécias como se engasgando com bombons, bebendo querosene, dentre outras. “Ele passou por algumas dificuldades, mas sempre foi estudioso, dedicado. Eu agradeço a Deus, pois essa força que ele e sua irmã tiveram quando crianças reflete na alegria que hoje todos sentimos. Hoje o Erlison me dá muita alegria”, partilhou emocionada. “Sempre lutei e estou aqui com todos adultos e formados. Graças a Deus Erlison sempre foi muito inteligente, disposto”.
“No dia que ele me falou que iria entrar para o seminário fiquei meio triste pois para mim tratava-se de um mundo desconhecido. Mas ele me disse ‘não mamãe, estou preparado para entrar, eu vou’. Então, eu disse que se era da vontade dele era para ir” ressaltou. “Nunca imaginei que ele iria ser frei e agora padre”, completou.
Dona Cida explica que antes do Erlison ser frade ela já tinha contado com os frades pois foram eles que sempre atenderam as igrejas que ela participava. No entanto, depois que o frei Erlison ingressou na vida religiosa este contato ficou mais intenso. “O Frei Manoel, que hoje é falecido, sempre dizia que a mãe de um frade é mãe de todos os frades e ele brincava ‘me dê logo uns dez aí’. É uma alegria pra eu fazer parte disso tudo. Minha casa passou a ficar cheia de frades sempre. Já me acostumei com isso tudo”.
O conselho de Dona Cida para as mães de futuros freis e presbíteros é incentivá-los. “Incentivem seus filhos porque é muito bom. Eles aprendem muitas coisas boas e você que é mãe, faça isso, convide seu filho, convide ele pra ingressar nessa missão”.
FESTA DE BÊNÇÃOS
A conversa com a mãe do Frei Erlison já estava terminando quando chegou sua irmã Ciderli Campos de Almeida, um ano mais velha que o frei. Ela estava nos cuidados da vovó Dona Maria das Graças Campos dos Santos, mais conhecida como vovozona, que neste dia 29 de junho completa 75 anos de vida. Festa para toda família, especialmente para Frei Erlison que marcou sua ordenação nesta ocasião especial pois este é o sonho de sua avó.
“Além da ordenação do Erlison é o aniversário da vovó. É dia de São Pedro, São Paulo, Apóstolos da Igreja e um dia importante para todos nós. Então, são emoções duplas, triplas, de todos os tipos. A vovó para nós sempre foi o nosso alicerce. Hoje ela tá doente, com Alzheimer, mas ela sempre dizia querer estar viva para este dia. Essa festa toda é pra ele, pra ela, é uma festa de bênçãos”, revelou Ciderli.
Ela conta que a convivência com seus irmãos sempre foi muito boa. “Mas a gente brigava também. Eles pegavam as cabeças de minhas bonecas pra fazer bolas e aí a gente brigava”, brincou.
Ciderli explica que seus pais se separaram cedo e como sua mãe trabalhava bastante, ela e o Erlison cuidavam dos irmãos. “Sempre tivemos uma ligação muito forte. Nós somos muito unidos. Nós nos amamos o mesmo tanto”.
A mamãe e a vovozona eram catequistas então sempre fomos ligados à Igreja, mesmo assim, Ciderli jamais imaginava ter um irmão frade. “Quando ele falou, eu já era a última da família a saber, pois eu viajava muito. Aí, quando cheguei de Belém, vi as malas dele todas arrumadas e ele estava decidido a ir e assim ele foi embora e agora volta para ser ordenado aqui. Eu sinto que ele está feliz, realizado e a gente também esta”.
“É uma bênção ter um padre na família. Quantas pessoas não querem uma bênção de um padre. Quando a gente constrói alguma coisa a gente quer que o padre vá lá abençoar e a gente tem um padre que não é nosso, mas que saiu da gente, mas que não é só nosso e sim da Igreja. Vai servir em outro lugar, não vai ficar aqui em nossa comunidade, mas quem disse que ele veio servir o seu povo? Ele veio pra servir outros povos e a gente tá muito feliz por isso”, revelou.
Sobre a preparação para a Ordenação, Ciderli explica que a conversa sobre os preparativos começou cedo, quando ainda seu irmão estava nos estudos teológicos. “Ele conversou com a gente pelo celular e a gente abraçou isso e desde então estamos trabalhando para que tudo seja como ele sempre sonhou. Mas a gente está colocando todo o nosso amor e esforço. Que ele sinta que a gente fez com carinho e que estamos fazendo o nosso melhor. Que esse dia seja muito feliz e de lembranças boas”, concluiu.
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Por: Frei Andrei Anjos e Frei Augusto Luiz Gabriel