Família! Eis o grande desafio para os nossos dias. Desafio que deve ser enfrentado pela comunidade/Igreja, pela educação, pelos projetos econômicos, políticos, sociais e culturais de toda a sociedade. Pois, as famílias, especialmente aqui na Amazônia, estão inseridas nas mais diversas realidades e sofrem as consequências dos grandes projetos existentes que, na maioria das vezes, lhes roubam os direitos e a dignidade.  

Mesmo com toda essa realidade sofrida enfrentada pelas famílias, elas mantêm o sonho e a esperança de conquistar dias melhores, vida saudável e direitos respeitados. As famílias sonham com novos tempos, em que a harmonia pode se tornar um constante exercício vivido em casa, na comunidade, na sociedade e com toda a criação de Deus. Esperam e lutam para garantir aos seus filhos e filhas os direitos básicos que possam dar-lhes vida e dignidade humana. 

Famílias e o Projeto de Deus na Amazônia 

Foto: Maribeth Joeright

Para as famílias cristãs que tentam viver e seguir os passos de Jesus e que têm a Sagrada Família de Nazaré como modelo de vida, o essencial é viver e manter a fé e a esperança que sustentam a vida, a caminhada e a existência de uma cultura de devoção e respeito pelo sagrado. Ter a Sagrada Família como modelo a ser seguido é compreender que o diálogo, a unidade, o cuidado, o zelo, a proteção, o respeito e a defesa da vida, fazem parte de um Projeto divino. Pois, “cremos que a família é imagem de Deus que em seu mistério mais íntimo não é solidão, mas uma família. Na comunhão das três Pessoas divinas, nossas famílias têm sua origem, sua motivação mais bela e seu último destino”. (DA 434).  

Este projeto está inserido no dia a dia de quem acredita na presença libertadora de Deus. Porém, fazer a experiência do Projeto de Deus perpassa pelo cuidado com toda a sua criação e é por isso, que grande número de famílias na Amazônia estão inseridas nas lutas sociais, no cuidado com a criação e na busca de novas conquistas, por uma nova maneira de viver, de integrar e de cultivar a vida e os valores que alimentam e transformam as realidades familiares.  

Celebrar a Sagrada Família

Foto: Maribeth Joeright

Celebrar a Sagrada Família nos dias atuais é manter viva a certeza de que a Família é um santuário de vida, lugar em que a vida é gerada, cuidada, amada e protegida, como fez São José e Nossa Senhora. Porque a família é chamada a colaborar com a continuidade do Projeto de Deus, amadurecendo a experiência de unidade, de comunhão, de partilha e da integração, apesar dos desafios.

Na realidade Amazônica, geralmente as famílias são numerosas e estão espalhadas em vários lugares, tanto na zona rural quanto na zona urbana das cidades. São famílias que migram de um lugar para o outro, em busca de uma vida melhor. Porém, todas carregam consigo seus costumes, sua religiosidade e sua fé. Fato este, que enriquece a caminhada das famílias e das comunidades onde elas residem, celebram e assumem a sua missão. 

Essa famílias têm suas raízes profundas na Palavra, na fé em Jesus Cristo e na participação em comunidade. Isto é tão visível, quando se vê as famílias celebrando a vida, trazendo presente a simbologia dos elementos da criação abundantes na Amazônia, como: a água, os frutos, o verde das florestas, peixes, etc. Tudo isso, garante a integração, a interligação da vida, da fé e dos costumes. 

Logo, celebrar a Sagrada Família em terras Amazônicas é caminhar junto com os Josés de hoje, com as Marias de hoje e com as crianças de hoje que buscam viver o Sagrado e a plenitude da vida assumida pela encarnação do Menino Deus. 

Um fato importante e merecedor de destaque, é que as famílias que assumem sua fé, que têm a Sagrada Família como modelo, que assumem a defesa da vida, que se engajam na busca da justiça, da paz e do amor fraterno, são famílias como a de José e Maria, ou seja, são famílias pobres e perseguidas pela ganância e pelo poder dominador. Mas como a Sagrada Família, são ricas na fé, na esperança e na comunhão com a obra do Criador.

A esperança é um grande valor que sustenta e alimenta os sonhos de Vida plena e fecunda para as famílias da Amazônia, que levam-nas a caminhar juntas fortalecendo sua espiritualidade de comunhão e participação nas lutas pela conquista de seus direitos.

“Sonho que se sonha só, pode ser pura ilusão. Sonho que se sonha juntos é sinal de solução”(Zé Vicente). 

Ângela Tereza Correa
Liderança Leiga da Paróquia Cristo Libertador