Primeiro Domingo do Advento

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

Em muitos momentos da nossa vida, precisamos esperar algo para acontecer. Quantas vezes, por exemplo, é preciso esperar na fila do ônibus ou do banco, ou na fila do INSS. Praticamente todos os dias, passamos tempo na espera de alguém ou alguma coisa e perdemos muito tempo esperando. Mas, ao mesmo tempo, há duas maneiras de esperar. Podemos esperar simplesmente fazendo nada. Ficamos na fila do banco só de braços cruzados, parados sem fazer nada, ou podemos esperar fazendo algo. Quando, por exemplo, esperamos por algum evento importante. Podemos citar a família que espera o nascimento de um filho. Os pais não ficam parados, fazem todos os preparativos para o grande dia.  Preparam o quarto, a roupa, o berço e a mãe tem uma grande expectativa e se prepara fazendo os exames de pré-natal para aguarda o dia que o filho vai chegar. Em outras palavras, estas pessoas estavam esperando algo importante na vida, mas não de braços cruzados ou parados, pelo contrário, fazendo várias atividades em preparação. Podemos dizer que a espera era de ação e não de acomodação.

A palavra Advento significa vinda e o tema principal deste tempo é a espera por Jesus. A nossa rotina continua a mesma todos os dias, mas nós como cristãos, neste tempo especial, esperamos por algo muito importante: a vinda do nosso Salvador. Neste primeiro domingo de Advento, todas as três leituras falam sobre esta espera pela vinda do Senhor não somente no passado, mas também para nós hoje, para que possamos nos preparar para a vinda de Jesus nas nossas vidas.

No profeta Isaias, o Messias será aquele que vai julgar as nações e unir os povos. Este Messias vai inaugurar um novo modo de viver com consequências para o mundo todo: “Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e as suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate. Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2, 4-5). A espera do Messias significa mudar a maneira de pensar e viver. Como estas palavras são importantes para nós hoje quando há uma guerra na Ucrânia e muitos falam em armar a população em vez de promover a reconciliação e a paz. Diante de tantas situações de violência e ódio, Advento significa ser guiados pela luz do Senhor.

São Paulo também chama a atenção para a espera da vinda de Jesus como uma luta contra as forças das trevas. A espera do Messias significa vestir as armas da luz e viver vida nova, renunciando as coisas do mal para revestir-nos do Senhor Jesus Cristo.

No evangelho a espera do Senhor é marcada pela vigilância. A vinda do Senhor será inesperada como no tempo de Noé quando o povo não percebeu nada até a chegada do dilúvio, ou como o dono da casa que não sabe a hora que o ladrão vai chegar. As pessoas estarão em suas ocupações diárias e serão tomadas de surpresa. Diante da incerteza da hora, é preciso a vigilância: “Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora que menos penais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 44).

Este tempo de Advento tem 2 momentos: nas primeiras duas semanas, vigilantes e alertas, somos lembrados a esperar a segunda vinda de Jesus no final dos tempos; e nas últimas 2 semanas, lembrando a espera dos profetas e Maria, preparamos mais especialmente o nascimento de Jesus em Belém.

Durante todo este tempo de Advento ficamos então na espera, não parados ou despreparados, mas pelo nosso compromisso de fé, na vigilância e na ação. Continuamos nossas tarefas e trabalhos como de sempre, mas agora de uma maneira diferente, dando testemunho da nossa identidade cristã, concentrando nossos esforços e ações naquilo que é essencial na vivência da fé. Nós precisamos estar atentos pelos gestos de amor e na construção de um mundo mais justo e fraterno. Hoje, diante de tantas situações de sofrimento, medo e insegurança, podemos simplesmente buscar o refúgio em práticas religiosas sem compromisso. As palavras de São Paulo nos ajudam a nos preparar para a chegada do Senhor: “A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das travas e vistamos as armas da luz” (Rm 13, 12).

Por: Frei Gregório Joerigth, OFM

Referências:

BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luis Pinto Azevedo

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